O presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, o mais antigo chefe de Estado africano em exercício, assumiu hoje a presidência rotativa da União Africana (UA), substituindo o mauritano Mohamed Ould Abdel Aziz. “Aceito humildemente a vossa decisão coletiva, plenamente consciente da pesada responsabilidade que implica”, declarou ao assumir a presidência da UA por um ano.
Autocrata com quase 91 anos, Mugabe está no poder desde a independência do Zimbabué em 1980 e é regularmente acusado de reprimir a oposição com violência e de ter arruinado o país. Conhecido pelas provocações e tiradas incendiárias contra o Ocidente e os “imperialistas”, o chefe de Estado do Zimbabué é alvo desde 2002 de sanções europeias e norte-americanas, incluindo a proibição de viajar.
No ano passado, foi-lhe feito um convite especial para que pudesse assistir à cimeira União Europeia-África, em Bruxelas, mas Mugabe decidiu boicotar a reunião porque não foi concedido um visto à sua mulher. A nomeação de Mugabe para a presidência da UA suscitou um certo embaraço nas fileiras da organização pan-africana, segundo a agência France Presse.
Observadores consideraram que a escolha representa um mau sinal enviado pela organização sobre os valores da democracia e governança que pretende defender e pode prejudicar a sua imagem. Na abertura da cimeira da UA, hoje de manhã, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apelou aos dirigentes africanos para “não se prenderem ao poder”. “Os dirigentes modernos não podem permitir-se ignorar os desejos e aspirações dos que representam”, disse Ban Ki-moon.