Ioga, sumos detox e receitas caseiras. Gwyneth Paltrow é considerada uma guru do lifestyle (“estilo de vida” em português), partilhando receitas para uma vida mais saudável no site GOOP, o qual já acumulou diversos fãs — só na página de Facebook contam-se perto de 150 mil seguidores. Mas nem todos os posts correm bem: é o caso do artigo mais recente, em que a estrela de 42 anos aconselha as mulheres a “vaporizar” a vagina. Sim, vaporizar, leu bem.
No site lançado no outono de 2008, Paltrow fala sobre um spa em Santa Monica, nos Estados Unidos, e de um tratamento aí disponibilizado. O “Mugworth V-Steam”, como é chamado, é considerado pela atriz o “bilhete dourado” do Tikkun Spa: “Sentamo-nos no que é, essencialmente, um mini-trono e uma combinação de infravermelhos e vapor de artemísia [uma espécie de planta] limpa-nos o útero. (…) Dá-nos energia — não é apenas uma sauna — e ajuda a equilibrar os níveis das hormonas femininas”, lê-se na página de Paltrow. “Se vive em Los Angeles, tem de experimentar”, acrescenta.
O conselho feminino e íntimo, como seria de esperar, não foi bem encarado por alguns médicos. De acordo com a obstetra e ginecologista Jen Gunter, especialista em distúrbios vulvovaginais, as reivindicações da artista de Hollywood não são aconselháveis e muito menos saudáveis. No blogue pessoal, a profissional de saúde escreve que a vagina (bem como útero e a vulva) deve ser encarada como “um forno que se limpa sozinho” e um “jardim delicado”, e que o vapor provavelmente não faz bem às partes íntimas de uma mulher.
“A senhora Paltrow e as pessoas dos tratamentos V-steam também precisam de uma lição de anatomia porque, a não ser que o vapor esteja sob alta pressão (como acontece com a ejaculação), não está a passar da vagina para o útero. O ar (quente ou frio) não vagueia magicamente da vagina para o útero”, explicou Jen Gunter, a propósito do que a atriz escreveu, dizendo que o vapor limpa o útero. Ainda assim, a médica esclarece que não se conhece o efeito do vapor na vagina.
No Twitter já são muitos os comentários a propósito das declarações polémicas de Gwyneth, as quais poderão não contribuir favoravelmente para o fenómeno de ódio em relação à atriz. Faz poucos dias, o Telegraph escreveu um texto sobre o assunto e colocou a questão “O que queremos dizer quando dizemos que odiamos a Gwyneth Paltrow?”. Todas as celebridades recebem abuso virtual, mas aquele dirigido a Paltrow parece ser particularmente “excessivo”, escrevia então Anne Billson, crítica cinematográfica, escritora e até fotógrafa, que colabora no jornal desde 1992.