“O que queremos dizer quando dizemos que odiamos a Gwyneth Paltrow?”. A pergunta é colocada pelo jornal britânico The Telegraph que, esta sexta-feira, questiona-se sobre o fenómeno de ódio em relação à atriz. Todas as celebridades recebem abuso virtual, mas aquele dirigido a Paltrow parece ser particularmente “excessivo”. Quem o diz é Anne Billson, crítica cinematográfica, escritora e até fotógrafa, que contribui para o jornal desde 1992.

À partida poderá parecer surpreendente, mas em 2013 Gwyneth foi eleita a celebridade mais odiada de Hollywood, diz o Daily Mail. Apesar de ter construído uma carreira que se expande por várias décadas — começou a representar ainda em criança e em 1991 conseguiu pequenos papéis nos filmes “Shout” e “Hook” –, as pessoas parecem não concordar com o seu estilo de vida. Então com 40 anos, a artista reclamava o pódio na lista das 20 personalidades com participações em filmes, música e televisão mais irritantes, um ranking realizado pela Star Magazine.

Se no final de 2013 o The Guardian perguntava porque “tantas mulheres odeiam Gwyneth?”, em janeiro deste ano ela deixa ficar uma nota sobre o assunto. Numa entrevista à Harper’s Bazaar — a artista é capa de revista na edição de fevereiro, disponível desde o início do mês –, comentou: “As mulheres precisam de perceber o motivo por que são tão cáusticas umas com as outras; porque querem alterar o sentido das palavras, porque querem ler sobre outra pessoa num sentido negativo e porque é que isso lhes sabe bem… Mas também conheço uma grande tribo de mulheres que amam e apoiam outras mulheres”.

De regresso ao grande ecrã, o novo filme onde a atriz marca presença e contracena ao lado de Johnny Depp, “O Excêntrico Mortdecai”, parece estar na mó de baixo. A longa-metragem, que estreia nas salas de cinema portuguesas no próximo dia 29 de janeiro, foi apelidada um projeto “vaidoso” e “entediante” pelo New York Times, no sentido em que poderia ter como título “O filme de Johnny Depp”. O Business Insider confirma e diz que a longa-metragem do realizador David Koepp está a receber “críticas terríveis”, o que pode não ajudar à popularidade de Gwyneth.

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Mas porque não gostam (algumas) pessoas de Paltrow? Anne Billson, que assume não ter nada contra a estrela, tenta encontrar respostas e refere que alguns dos filmes mais populares da artista foram aqueles onde a sua personagem é vítima de uma morte horrível; “o que nos faz pensar se isso foi um fator de sucesso”, escreve. Os exemplos são muitos: um papel mais antigo no thriller “Má Fé”, o seu assassinato em “Seven: Sete pecados mortais”, sem esquecer a película “Contágio”.

O site de lifestyle, Goop, poderá ter a sua quota-parte de responsabilidade. O mesmo se pode dizer das declarações que Paltrow já fez à imprensa, como aquela vez que se equiparou a uma mãe trabalhadora de classe média, se assim o podermos entender: “Eu sou apenas uma mãe normal com os mesmos problemas de qualquer outra mãe, que está a tentar, ao mesmo tempo, ser esposa e manter uma relação”. Paltrow disse também ter dificuldades em conciliar a maternidade com o papel de atriz. “Penso que é diferente quando temos um trabalho de escritório, porque é rotineiro e sabemos que podemos fazer tudo durante a manhã e chegar a casa à noite”, comentou ao E! News em março do ano passado. “Quando estamos a gravar um filme, eles dizem ‘precisamos que vás para Wisconsin durante duas semanas’ e trabalhamos 14 horas por dia”.

Declarações que provocaram polémica, com Angelina Jolie, mãe de seis, a ripostar. Ao Daily News, a mulher de Brad Pitt disse: “Não sou uma mãe solteira com dois trabalhos que tenta sobreviver a cada dia. Tenho mais apoio do que muitas pessoas, do que a maioria das mulheres no mundo. E tenho meios financeiros para ter um lar, cuidados de saúde e alimentação”.

Também a descrição “separação consciente”, tendo em conta o fim da relação entre a atriz e o músico Chris Martin, foi mal recebida pela Internet, garante o Telegraph. Recentemente, a estrela desabafou sobre a relação com Brad Pitt, com quem começou a namorar depois de contracenar com o ator no filme “Se7en”. Embora sem confirmar que foi ela a terminar a relação, Paltrow contou que se sentia uma criança (tinha 22 anos), que então não estava preparada e que Pitt era “demasiado bom” para ela. De Ben Affleck não partilhou uma ideia tão positiva: “Ele não estava numa boa fase da vida para ter uma namorada”. E em maio do ano passado, Paltrow dizia acreditar que gritar com o arroz poderia fazer mal… ao arroz, isto de acordo com os conselhos do cientista Masaru Emoto.

O sentido de moda também já a prejudicou. O exemplo mais recente tem poucos dias e aconteceu quando ela optou por levar um jumpsuit nude, da marca Elie Saab, ao programa televisivo The Tonight Show. Colado ao corpo, a peça de roupa não fez qualquer favor à sua figura. O The Guardian escreveu que o visual foi o suficiente para distrair os espetadores (e telespetadores) da performance da atriz que, entre outras canções, interpretou uma versão jazz do tema “Anaconda” de Nicki Minaj. “Moral da história? É prudente evitar jumpsuits com uma cor semelhante ao nosso tom de pele – a não ser que queira criar o look de um preservativo para o corpo inteiro”, disse o jornal.

Apesar das situações que poderão ter contribuído para o fenómeno descrito pelo The Telegraph, a autora do artigo escreve a favor da artista, recordando a performance galardoada com um Óscar em “A paixão de Shakespeare” e que é uma boa cantora — quem não se recorda das suas participações na série musical Glee? Não obstante, ela é rica, famosa e bem-sucedida. Mais, chegou a ser considerada a mulher mais bonita do mundo pela revista People.