O vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, reclama vitória da estratégia de consenso social do Governo em contraponto com as orientações da troika e do FMI. A prova disso, a seu ver, é a descida da taxa de desemprego.
“O desemprego desceu de 17,7% para 13,4% com as medidas que o FMI queria ou com a reforma laboral em acordo com UGT? Foi com a reforma laboral”, declarou ao Observador o vice-primeiro-ministro, comentando, assim, as críticas ao Governo contidas no relatório pós-programa de ajustamento do FMI.
Para o Governo, a descida da taxa do desemprego é um “bom aferidor” sobre a correção das opções do Governo, uma vez que durante o programa de ajustamento o FMI insistiu sempre na mudanças da leis laborais, tendo o Executivo de Passos Coelho feito um acordo com a UGT em matéria de salário mínimo por considerar importante preservar um clima de entendimento com os parceiros neste campo.
O vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, tinha afirmado sexta-feira à noite, em Vila Nova de Famalicão, que Portugal “sabe bem o que quer” e que “as escolhas do Governo português estão certas”.
“Respeitamos as críticas de certas entidades, mas Portugal sabe bem o que quer, aprendeu com os erros do passado e ganhou por mérito próprio o direito de fazer escolhas em liberdade e com soberania”, referiu, citado pela Lusa, acrescentando que “alguns técnicos do FMI sempre quiseram medidas radicais em matéria de leis do trabalho” e que “o Governo português sempre defendeu posições flexíveis, mas razoáveis, baseadas num compromisso entre empregadores e trabalhadores”
O Fundo Monetário Internacional (FMI) defendeu na sexta-feira que a recuperação económica de Portugal abrandou nos últimos seis meses, considerando que o crescimento do país está a ser prejudicado por uma agenda de reformas que ficou por acabar.
No relatório sobre a primeira monitorização pós-programa de ajustamento português, divulgado na sexta-feira, a instituição liderada por Christine Lagarde afirma que as perspetivas de crescimento económico no curto prazo “são menos fortes” e que o ritmo de recuperação “abrandou”.
Além disso, sublinha o FMI, “o momento das reformas e do ajustamento orçamental parece ter enfraquecido nos últimos seis meses” e, apesar das medidas que foram tomadas durante o Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), a “agenda [de reformas] por acabar é substancial”.