O diretor executivo do FMI para Portugal criticou, numa avaliação incluída no mesmo documento, o relatório de avaliação da primeira missão do Fundo Monetário Internacional após o final do programa de resgate, considerando mesmo como “inapropriada” uma menção ao potencial disruptivo no processo de reformas do período eleitoral.

Com a divulgação do documento que analisa a primeira avaliação pós-programa pelo FMI a Portugal, é incluída uma declaração conjunta do diretor executivo para Portugal do FMI, Carlo Cottareli (ex-diretor do Departamento de Assuntos Orçamentais substituído recentemente por Vítor Gaspar), e de Inês Lopes, sua consultora.

Nessa declaração, Carlo Cottareli ataca dois pontos do relatório do próprio fundo. Em primeiro lugar, diz, o relatório deveria ter feito uma análise mais exaustiva dos resultados alcançados desde 2011, especialmente em termos de ajustamento externo e orçamental.

As palavras mais duras são no entanto guardadas para as considerações da missão técnica sobre o processo eleitoral. “Também consideramos que a sugestão repetida de que o ciclo eleitoral está a prejudicar o processo de reformas é inapropriada. As eleições são uma característica bem-vinda dos regimes democráticos e não devem ser apresentadas como elementos disruptivos do processo de reformas”, escreve o responsável.

A crítica surge porque logo na introdução do relatório hoje conhecido, a missão escreve “como assistimos nos últimos seis meses, o período pré-eleitoral não é propenso à iniciativa para reformas audazes” e que é expetável que a tentação para enveredar por políticas populistas aumente com a proximidade das eleições.

O chefe da missão do FMI para Portugal, Subir Lall, defendeu-se numa teleconferência com jornalistas a partir de Washington, dizendo que é algo comum acontecer, mas que não tinha detetado a aplicação de políticas populistas em Portugal nos últimos seis meses, mas que é mais difícil obter consensos.

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