Há muitos anos, talvez da primeira vez que vivi um 14 de fevereiro* na companhia de alguém a quem chamar namorado, tive – ou tivemos – a brilhante ideia de ir jantar fora na noite de S. Valentim. Sem fazer qualquer reserva, típico de quem dá os primeiros passos no longo e sinuoso caminho dos gestos românticos. O resultado só podia ser catastrófico, como tenho a certeza de que muitos poderão confirmar com conhecimento de causa.
Foi uma lição de vida. Acabar a comer num restaurante de fast food até pode ser romântico e divertido, mas nunca depois de se ter perdido duas horas a tentar arranjar mesa noutro lado. Tal como se diz do Natal, também o Dia dos Namorados pode e deve ser todos os dias, por isso, e sobretudo a partir dessa experiência traumatizante, a data deixou de ter tanto peso no meu calendário. Mas não quer dizer que não se possa assinalá-la de alguma forma. Com comidinha caseira, incluindo uma tarte gloriosa para sobremesa. Como esta.
Tarte de chocolate e caramelo
Para a massa
50 g de miolo de avelã moído
100 g de farinha de trigo sem fermento
10 g de açúcar baunilhado
40 de manteiga ou margarina fria
5-10 ml de água fria
Para a camada de chocolate
200 ml de natas para bater (mínimo 35% de gordura)
1 tablete de chocolate de culinária (200 g)
Para a camada de molho toffee
100 g de açúcar amarelo ou mascavado
125 g de natas para bater (mínimo 35% de gordura)
20 g de manteiga
Para a cobertura
180 g de natas para bater (mínimo 35% de gordura) bem frias
(mesmo depois de terem estado no frigorífico, pode colocá-las uns 15 minutos no congelador antes de batê-las para garantir um melhor resultado)
Algumas gotas de limão
230 g de leite condensado cozido
Pré-aqueça o forno nos 180º e comece por preparar a massa: junte todos os ingredientes numa taça, à exceção da água. Misture-os com as pontas dos dedos, formando uma base homogénea e junte, aos poucos, a água, amassando e vendo sempre se necessita de mais antes de acrescentar. Deve ficar uma massa macia. Passe as mãos por farinha, se for necessário, e forme uma bola. Divida esta em pedaços e espalhe-os pela forma de tarte que vai utilizar e, com a ajuda dos polegares, forre a forma, pressionando, esticando a massa e unindo os pedaços (é mais fácil do que parece; se usar o rolo, a massa vai partir-se). Coloque por cima papel vegetal, encha de feijão, arroz ou pesos próprios e leve ao forno cerca de 15 minutos, retire o papel vegetal e os pesos e volte a levar ao forno cerca de 10 minutos ou até achar que a massa está bem cozida e dourada. Retire do forno e deixe arrefecer completamente.
Entretanto, parta o chocolate em pedaços para uma taça de vidro, cerâmica ou metal e reserve. Leve as natas ao lume médio e, quando fervilharem, coe-as diretamente para a taça do chocolate. Espere uns cinco minutos e mexa bem com um batedor de varas, até obter um creme liso, espesso e brilhante. Deixe arrefecer um pouco e verta sobre a massa da tarte já fria.
Noutro tachinho leve ao lume todos os ingredientes para o molho toffee. Mexa, até a manteiga estar bem derretida e deixe ferver durante alguns minutos para engrossar um pouco (o açúcar mascavado carameliza mais rapidamente, deixe fervilhar apenas cinco minutos; se usar açúcar amarelo vai precisar de mais alguns minutos).
Deixe ficar morno e verta por cima da camada de chocolate. Leve ao frio.
Para a cobertura, bata as natas em chantilly firme (sem adicionar açúcar). A meio do processo junte umas pinguinhas de limão, vai ver que ajuda a ficarem mais espessas (também pode usar natas vegetais, das que se compram em lojas de artigos para bolos e pastelaria e que ficam bastante firmes).
Noutra taça, coloque o leite condensado cozido e mexa bem com um batedor de varas, desfazendo eventuais grumos e deixando-o bem cremoso. Com uma espátula, incorpore delicadamente as natas no leite condensado. Passe este creme para um saco munido de bico pasteleiro e cubra a tarte. Leve ao frio antes de servir.
*Só para relembrar que este ano, o Dia de São Valentim calha a um sábado. Se fazem mesmo questão de ir jantar fora nesse dia, marquem com antecedência (o que, mesmo assim, não garante que não encontrem filas e o restaurante a abarrotar).
Teresa Rebelo é autora do blogue Lume Brando.