Na sala ampla ecoam as vozes das crianças. “Onde está? Não encontro!”, diz uma. “Senhor, senhor. A aranha fugiu”, chama outra dirigindo-se a Szymon Przebinda, responsável pela exposição. “Ah! Está aqui!” O entusiasmo da descoberta mistura-se com o medo à medida que percorrem cada um dos 45 terrários com aranhas e escorpiões presentes no Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC), em Lisboa.
O objetivo da exposição é fazer com que as pessoas percam o receio das aranhas, explica Szymon Przebinda. Embora alguns adultos só aqui estejam porque os filhos ou netos insistiram muito. “Eu não gosto nada destas coisas, mas ela queria muito ver”, diz uma avó apontando para a neta. “A minha filha é que não vinha de certeza.” Mas até o medo é por vezes vencido pela curiosidade e a avó segue à procura de mais uma aranha no próximo terrário.
A exposição temporária da empresa Araneus resulta de uma coleção particular de Sebastian Waducki, responsável pela empresa e um dos três colaboradores da mesma, que já tem 20 anos. A exposição chega a Lisboa vinda de Espanha porque tem objetivos compatíveis com os do museu. “Aqui promovemos a curiosidade e a conservação da biodiversidade”, refere Raquel Barata, do Gabinete de Comunicação e Imagem e ao Serviço de Educação e Animação Cultural. “Não é um espetáculo”, diz, referindo-se ao facto de os animais estarem vivos. “É para que as pessoas os conheçam. E por isso acompanhamos os grupos escolares – para falar da importância destes animais na natureza.”
Por se alimentarem sobretudo de insetos, as aranhas desempenham um papel muito importante no equilíbrio dos ecossistemas, evitando que os grupos de que se alimentam se tornem pragas. Além disso, os humanos têm estudado o potencial da aplicação da seda das aranhas, por ser um material muito resistente, e do veneno, para o tratamento de determinadas doenças.
Na exposição que estará no MUHNAC até dia 5 de abril, os visitantes vão descobrir que há tarântulas que libertam pelos urticantes quando se sentem em perigo ou que os escorpiões ficam fluorescentes quando iluminados com luz ultravioleta. E vão conhecer outros aracnídeos além das tarântulas: duas viúvas-negras, oito escorpiões, um pseudoescorpião e um amblipígio.