O chefe da polícia de Ferguson, Thomas Jackson, demitiu-se esta quarta-feira na sequência de críticas à atuação das autoridades na cidade do Missouri onde, em agosto de 2014, um polícia matou a tiro o jovem negro Michael Brown. Jackson é desde essa altura acusado de racismo pela forma como lidou com o caso que originou protestos em várias cidades dos EUA desde o verão e colocou o debate sobre discriminação racial de novo em cima da mesa.
A demissão de Thomas Jackson surge depois do afastamento de várias figuras do poder local de Ferguson após a divulgação de um relatório elaborado pelo Departamento de Justiça que acusou as forças policiais e as autoridades municipais de violarem os direitos constitucionais dos indivíduos negros de forma desproporcional. Na semana passada, dois juízes e dois polícias demitiram-se, escreve o New York Times.
A imprensa norte-americana e britânica reagiu duramente à morte de Michael Brown, apontando o dedo à história de discriminação e segregação racial de St. Louis, que continua a ser a sexta cidade mais segregada do país. Um editorial do New York Times contou brevemente esta história, mostrando que persistem diferenças esmagadoras entre a maioria da população negra (69%) e a população branca (29%), que domina as estruturas de poder. Como acontece no seio das forças policiais, onde os negros correspondem a apenas 5,6% do total.
Segundo o Guardian, no ano passado, por cada condutor branco, sete condutores negros foram mandados parar pela polícia. O site da revista Mother Jones fez um levantamento dos números que mostram a desigualdade. Em 2013, 483 dos presos eram negros, enquanto apenas 36 brancos foram detidos. 28% da população negra de Ferguson vive abaixo do limiar da pobreza. A New Republic fez um trabalho semelhante.