Portugal não é exemplar nos anos de vida saudáveis que consegue oferecer aos seus cidadãos.

Este indicador estatístico, definido como “anos de vida saudável aos 65”, é muito útil. Com o aumento da esperança média de vida, torna-se essencial perceber quantos dos últimos anos de vida são desfrutados com qualidade, sem limitações físicas e clínicas. Na base de dados Pordata este é um dos índices estudados com atenção e nela está a definição científica do índice:

Número de anos que uma pessoa de 65 anos pode esperar viver em condições de vida saudável. Uma condição saudável é definida pela ausência de limitações funcionais/incapacidade. Por conseguinte, o indicador é também designado como esperança de vida sem incapacidade física.

Os números relativos a Portugal, aos restantes 27 e ao total da média europeia podem ser vistos aqui. Portugal fica abaixo da média europeia neste índice particular. Se nos homens a esperança média de vida saudável portuguesa também bate a dos países bálticos, no caso das mulheres o valor nacional só é melhor que a romena e eslovaca. Vamos a números.

Enquanto a média da UE 28 é de 8,4 anos para os homens e 8,5 anos para as mulheres, a média portuguesa fica a 6,6 e 6,0. Destes números destaca-se que não só os números são mais baixos que a média europeia como a tendência também é inversa – nos 28 países da União a média aponta para uma ligeira superioridade do tempo médio de vida saudável para as mulheres, enquanto em Portugal essa diferença pende a favor dos homens.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

E basta viajar até França ou Espanha para encontrar populações que têm mais 50% de anos de vida saudáveis: médias de 9,2/9,0 para Espanha e de 9,5 / 10,4 em França. Neste índice a liderança vai destacada para a Suécia, que apresentava em 2012 um valor médio de 14 anos para os homens e 15,4 anos para as mulheres. Ou seja, na Suécia é mais fácil atingir os 80 anos com saúde e qualidade de vida do que nos outros países.

É fácil perceber a relevância social deste índice. De novo a palavra a Maria João Valente Rosa, diretora da Pordata, não deixa dúvidas sobre a importância desta análise:

A vida não deve ser só medida em termos de quantidade (neste caso em anos). Importa que ela seja vivida também com qualidade (o que este indicador também aprecia, numa ótica de saúde). E porque nem sempre a qualidade e a quantidade (de anos) andam a par, como se percebe pelos dados, é essencial ter também esta dimensão em conta.