Mais um dado na investigação do Ministério Público ao caso de José Sócrates, ou “Operação Marquês”. O Diário de Notícias conta, na edição deste sábado, que Carlos Santos Silva, o amigo de Sócrates, depositou várias vezes dinheiro na conta bancária do motorista João Perna que, por sua vez, pagava despesas ao engenheiro ou lhe passava cheques.

Os exemplos de transferências de dinheiro entre Santos Silva, João Perna e Sócrates multiplicam-se ao longo do despacho do juiz Carlos Alexandre, diz o DN. Estas verbas eram usadas para pagar despesas com condomínio, viagens, roupa e outras despesas de José Sócrates. Segundo o Ministério Público, estes movimentos bancários revelam que as contas bancárias de João Perna terão sido usadas para fazer circular dinheiro de Santos Silva para Sócrates.

O DN dá mesmo alguns exemplos recolhidos pela investigação: a 14 de maio o motorista depositou um cheque de 15 mil euros, em seu nome, na conta de Sócrates. E quatro dias antes um cheque do mesmo valor tinha sido depositado por Carlos Santos Silva na conta de João Perna. Também a 8 de julho de 2014, João Perna depositou dois mil euros em numerário na sua própria conta e nesse mesmo dia transferiu os dois mil euros para o patrão. Um dia antes, Carlos Santos Silva levantou quatro mil euros das suas contas bancárias.

O Ministério Público considera mesmo que havia uma “rotina criada” para pagamentos de viagens e outras despesas. Essa movimentação de dinheiro continuou até novembro passado. Desde 2011 terão passado pela conta de Perna 87 mil euros provenientes de Carlos Santos Silva para pagar despesas de Sócrates.

João Pedro Perna trabalhava como motorista de José Sócrates desde 2011 e antes disso tinha trabalhado na campanha do PS, graças à irmã, funcionária do partido. Perna é suspeito de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e detenção de arma proibida. Até aqui falava-se na hipótese de o motorista transportar malas de dinheiro para o então patrão. Agora introduz-se a questão dos cheques e destes movimentos cruzados de dinheiro com Santos Silva e Sócrates.

O motorista ficou em prisão preventiva, mas entretanto o juiz Carlos Alexandre já alterou a medida de coação para prisão domiciliária.

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