A 20 de abril, a Grécia estará perante um de dois cenários: ou chegou a acordo com os parceiros europeus do Eurogrupo para receber (pelo menos parte) da tranche financeira que está bloqueada, recebendo um pouco mais de “oxigénio”, ou estará na bancarrota. Fonte próxima do processo diz à Reuters que esta é a data-limite com que as partes estão a trabalhar.
“Mesmo assim será difícil, mas o país consegue sobreviver sem nova ajuda financeira até 20 de abril, graças ao recurso a operações de financiamento de curto prazo com as reservas de tesouraria de entidades públicas“, afirmou à Reuters uma fonte conhecedora das negociações entre Atenas e o Eurogrupo.
A Grécia está a recorrer às reservas financeiras dos fundos de pensões públicos, através de operações complexas (repo) em que utiliza recursos dessas entidades mas terá de os restituir. Esta tem vindo a ser, cada vez mais, a forma que o Estado grego tem utilizado para escapar a um incumprimento. O mercado de dívida está completamente fechado e o BCE não aceita tomar sozinho a decisão de permitir aos bancos gregos absorver um volume maior de emissões de dívida de curto prazo.
O governo está a preparar uma lista de reformas com a qual espera convencer os líderes europeus a libertar a tranche financeira associada à última avaliação do segundo programa de assistência. A chanceler alemã, Angela Merkel, disse esta segunda-feira que não pode oferecer liquidez à Grécia e que essa é uma questão que tem de ser discutida com os restantes países da zona euro em conjunto, após a reunião com o primeiro-ministro grego, de visita a Berlim.
Grécia está a ir “pelo cano abaixo”, diz George Soros
George Soros disse, esta terça-feira, que a “Grécia está a ir pelo cano abaixo” e que existe uma probabilidade de 50% de o país liderado pelo governo de Alexis Tsipras sair da zona euro. Em entrevista ao canal de televisão da Bloomberg, o investidor multimilionário disse acreditar que é possível adiar o assunto “quase indefinidamente”, pagando juros sem amortizar dívida, mas que, entretanto, o excedente (do saldo) primário (a diferença entre gastos e receitas do Estado, excluindo juros) vai deixar de existir no país.
“Ao fazer o que estão a fazer, estão a prejudicar-se a si próprios”, disse George Soros. O conhecido investidor de origem húngara explicou que, neste momento, existe um desejo mútuo de se magoarem uns aos outros (Europa e Grécia) e que o desempenho da Grécia está a “deteriorar-se”. Contudo, “se a Europa empurrar a Grécia para fora do euro vai magoar-se a si própria”, disse.
George Soros disse, no entanto, que a “base para encontrar um compromisso está lá”, mas que vai ser necessário que a Europa e a Grécia negoceiem (durante os quatro meses por que o programa foi alargado), “ponto por ponto”, as obrigações de cada um.