Tudo o que se pode escrever sobre Cristóvão Colombo tem de ser cuidadosamente acompanhado por esta palavra: provavelmente. Nasceu provavelmente em Génova, no seio de uma família de classe média. É provável que Colombo tivesse conhecimentos de astronomia, álgebra, geografia, cosmologia e navegação, mas pouco provável que tivesse estudado latim ou gramática.
A enigmática história de Cristóvão Colombo continua a gerar curiosidade. Muitos querem conhecer o percurso de vida do navegador que trouxe o Novo Mundo ao mundo, mas que não terá sido o primeiro a pisar o solo americano. Antes dele, presume-se que vikings, chineses, turcos e romanos tenham atracado os seus barcos nas praias além-mar.
Segundo o ABC, a última pista deixada por Colombo é um documento datado de 7 de agosto de 1473. Depois existe um abismo para os historiadores. Lourdes Díaz-Trechuelo, autora do livro “Cristóvão Colombo: o primeiro almirante do mar oceânico”, acredita que esses tempos foram passados em aventuras que o navegador preferiu manter em segredo.
Sabe-se que serviu Renato de Anjou, pretendente ao trono de Nápoles quando estava sob controlo de Aragão. E serviu a coroa portuguesa, pela qual navegou nas águas atlânticas. “Foi no Atlântico, nas suas ilhas e nas suas costas, que Colombo concebeu a ideia de procurar o Levante pelo Poente”, conta Paolo Taviani, autor do livro “Génese de um descobrimento”.
As suas navegações foram apoiadas pelas cartas do sogro, o português Bartolomeu Perestrelo. E (provavelmente) esteve em contato com marinheiros que já conheciam os chamados limites do mundo. Durante a sua grande viagem, avistou ilhas em lugares onde se suponha que não havia nada, o que ia de acordo com esses relatos de marinheiros que haviam navegado anteriormente por aqueles mares. Eles disseram-lhe que viram árvores erguidas por mãos humanas e cadáveres nos mares a poente. E ele “encontrou-os”.
Em Portugal, Colombo contactou Paolo del Pozzo Toscanelli, médico e amante de cosmografia, para saber como podiam estabelecer uma rota comercial para o oriente, um plano interrompido com a tomada da Constantinopla em 1453. A proposta de Toscanelli era navegar até o oeste da Europa e nunca imaginou que antes de chegar à costa oriental estava um novo continente. Sem saber deste dado, o italiano tirou medidas erradas com base no grau terrestre dado por Ptolomeu. Mas Colombo sabia dos desvios nos cálculos, por isso elaborou um projeto certeiro que primeiro apresentou à corte portuguesa e, mais tarde, à espanhola.
Mais do que isto, é complicado saber. Não se consegue situar Colombo noutras expedições anteriores aos Descobrimentos, mas muitas histórias fazem crer que o navegador sabia da existência da América antes de o oficializar. Conta a lenda que Gonzalo Fernández de Oviedo seguia numa caravela entre Espanha e Inglaterra, quando os ventos os obrigaram a “correr até poente”, onde reconheceu “uma ou mais ilhas destas partes e da Índia”.Durante o regresso, grande parte da tripulação morreu. Só Alonso Sánchez de Huelva e quatro marinheiros chegaram a Portugal. O piloto era amigo íntimo de Cristóvão Colombo e ficou em sua casa até morrer, depois de lhe prestar informações da viagem e de entregar uma carta de marear onde assinalava as terras encontradas.
Outra história que suporta a ideia de que as Américas não eram território virgem quando Colombo pisou a terra vem das descrições de Bartolomeu das Casas, que disse que os indígenas de Cuba tinham memória de “outros homens brancos e com barba antes de nós há muitos anos”. Segundo Casas, a segurança na navegação de Colombo fazia crer que já sabia das terras que diz ter encontrado.
Não há dados científicos capazes de provar esta teoria. Mas (provavelmente) Colombo sabia mais do que parecia.