O secretário-geral do PS afirmou que há “total convergência” com o primeiro-ministro italiano sobre a necessidade de uma “dinâmica anti-austeridade” na Europa e defendeu que existe uma “grande expetativa” de mudança política em Portugal e Espanha.
António Costa falava à agência Lusa após de ter sido recebido em Roma pelo primeiro-ministro de Itália, Matteo Renzi – encontro que durou cerca de uma hora e em que os dois líderes socialistas democráticos abordaram sobretudo questões relacionadas com a União Europeia.
No Palácio Chigi, entre outros temas, Matteo Renzi e António Costa analisaram o ‘plano Juncker’, a importância de uma “nova leitura” do Tratado Orçamental da União Europeia e a “nova linha” de atuação do Banco Central Europeu (BCE).
“Entendemos que é possível reforçar uma dinâmica anti-austeridade na Europa, da qual o primeiro-ministro de Itália tem sido um dos principais impulsionadores”, declarou o secretário-geral do PS.
Segundo António Costa, que conheceu Matteo Renzi em 2010, durante uma reunião internacional sobre alterações climáticas, quando o atual primeiro-ministro italiano ainda exercia as funções de presidente da Câmara de Florença, a conversa de hoje permitiu “confirmar a grande convergência política” existente entre ambos.
“Matteo Renzi já enviou uma mensagem muito calorosa ao último congresso do PS e há uma grande expetativa sobre a possibilidade das mudanças de governos em Portugal e Espanha, este ano, ajudarem a reforçar a dinâmica de mudança na Europa. Como se sabe, os atuais governos de Portugal e de Espanha têm estado na linha da frente em defesa das políticas de austeridade – políticas manifestamente contrárias aos interesses das nossas economias e empresas”, criticou.
Durante a audiência com o líder do executivo de Roma e do Partido Democrático, António Costa também abordou questões que se encontram em preparação no programa eleitoral do PS para equacionar a sua viabilidade política.
“Discuti como ele [Matteo Renzi] também os trabalhos que temos vindo a desenvolver no PS – e que consolidaremos no nosso programa de Governo -, tendo em vista um novo impulso para a convergência. Neste ano em que assinalamos os 30 anos da participação de Portugal na União Europeia, é claramente o momento de marcarmos um novo impulso para a convergência. É importante podermos avaliar previamente as condições de execução desse programa”, referiu o líder dos socialistas portugueses.
De acordo com a análise de António Costa, Portugal, após uns primeiros 15 anos “de grande sucesso – em particular entre 1996 e 2000, quando o país cresceu entre os 4,7 e os 5,8 por cento -, seguiram-se anos de longa estagnação a partir da criação do euro, o que implica uma mudança na forma de ajustamento da política económica europeia”.
“Penso que hoje [dia 25 de março] há uma consciência muito grande que, de facto, é urgente uma inversão de política e que é necessário dar um novo impulso para a convergência”, advogou.
Já sobre as dúvidas em relação à continuidade da Grécia na União Europeia, António Costa apontou que o Governo italiano “tem sido um dos países a adotar uma posição construtiva, procurando aproximar posições e chamando a atenção que a questão grega é verdadeiramente um problema mais geral”.
“Um problema que as economias menos desenvolvidas têm para conseguirem ser competitivas num quadro muito exigente da moeda única. Isto implica uma correção dos efeitos assimétricos do euro, com reforço da capacidade orçamental e de uma nova atenção à política de convergência”, insistiu o secretário-geral do PS.
Antes, pela manhã, na qualidade de presidente da Câmara de Lisboa, António Costa foi recebido no Vaticano, numa audiência pública, pelo papa Francisco, integrando uma delegação da rede mundial de cidades magalhânicas.
Na quinta-feira, na qualidade de secretário-geral do PS, António Costa é recebido pelo presidente de França, François Hollande, no Palácio do Eliseu.