O grupo extremista islâmico radical Boko Haram é suspeito da decapitação de 23 pessoas na sexta-feira, véspera de eleições, em Buratai, no nordeste da Nigéria, assim como de incendiar casas na localidade, adiantou um deputado federal à AFP. Os ataques terão acontecido ao final da tarde na região, no dia em que milhões de nigerianos foram chamados a votar nas eleições presidenciais e legislativas do país.
“Houve um ataque em Buratai na noite de sexta-feira por homens armados suspeitos de serem insurgentes… Decapitaram 23 pessoas e incendiaram casas”, declarou Mohammed Adamu, que representa a região. Uma enfermeira do hospital mais próximo, em Biu, declarou que 32 feridos que receberam assistência médica também relataram decapitações durante o ataque.
Hoje, vários ataques perpetrados por grupos islamitas radicais contra assembleias de voto no país fizeram já sete mortos, segundo números avançados pela AFP. Os extremistas armados dispararam contra os locais de votos e as filas de eleitores que aguardavam a sua vez de votar.
Algumas assembleias reabriram depois dos ataques, mas outras permaneceram encerradas, segundo relatos de testemunhas no local, que referiram que muitas pessoas fugiram, assustadas, não regressando.
Abubakar Shekau, o líder do grupo islamita Boko Haram, ameaçou no mês passado que tentaria impedir o processo eleitoral, que considera “não conforme ao Islão”, num vídeo publicado na rede social Twitter. “Essas eleições não vão acontecer, mesmo que nos matem. Mesmo que já não estejamos vivos, Alá não o permitirá”, declarou ele, na altura.
Em algumas localidades a comissão eleitoral do país suspendeu o processo eleitoral, na expectativa de poder ser retomado no domingo, devido a problemas técnicos com o novo sistema de acreditação de eleitores, que não permitia a leitura dos novos cartões com dados biométricos.
O próprio presidente do país, Goodluck Jonathan, candidato à reeleição, não conseguiu esta manhã votar por dificuldades com o novo sistema.
Cerca de 68,8 milhões de nigerianos são chamados às urnas para elegerem um novo Presidente e um parlamento, num ambiente de tensão devido ao risco de violência política e à ameaça de atentados islamitas.
Os candidatos à chefia do Estado são 14, entre os quais se encontra pela primeira vez uma mulher, mas a disputa, que se prevê renhida, envolve o cessante Goodluck Jonathan e o ex-general Muhammadu Buhari, que dirigiu a Nigéria, à frente de uma junta militar, entre 1983 e 1985.