São 11 minutos de verdadeira agonia que sobe de tom à medida que o tempo passa e o avião está cada vez mais perto do chão. O jornal alemão Bild, citado pelo espanhol El País, descreve na sua edição deste domingo cada um desses momentos. Mais de uma hora de gravação registada por uma das caixas negras que permitiu aos investigadores ouvir o que se passou na manhã em que o avião da Germanwings caiu nos Alpes, provocando a morte a 150 pessoas. São 11 minutos desde o momento em que o piloto Patrick Sondenheimer pede ao copiloto Andreas Lubitz que assuma o comando porque vai sair da cabine. Até ao primeiro choque.

9h01 e o avião descola do aeroporto de Barcelona já com atraso. A hora e meia de gravação que se segue, a que o jornal alemão teve acesso, permite ouvir o piloto a comentar com Lubitz que nem tinha tido tempo de ir à casa de banho. O copiloto prontifica-se a assumir o comando quando ele precisar. Depois, Patrick Sondenheimer dá instruções ao copiloto para preparar a aterragem na cidade alemã de destino, Dusseldorf. Lubitz responde com uma “oxalá” e um “vamos ver”. Um dos investigadores do acidente, de Marselha, classificou estas palavras como “lacónicas”. São 10h27 e o avião está a 11 600 metros de altura.

Dois minutos mais tarde, pelas 10h29, ouve-se dizer “Podes assumir o comando”. Segue-se um ruído da cadeira e, de seguida, a porta fecha-se. O radar regista uma primeira descida do aparelho e os controladores aéreos franceses tentam contactar o avião. São agora 10h32 do fatídico dia 24 de março. Não houve qualquer resposta. Lubitz tinha acabado de acionar o o sistema de descida nesse momento quando a gravação regista o sinal de alarme automático da perda de altura. De seguida, ouve-se um barulho forte, como se alguém tentasse pontapear a porta e a voz do capitão de bordo: “Por amor de Deus, abre a porta!”.

Por trás ouve-se gritos de passageiros que se terão começado a aperceber do que se estava a passar. Às 10h35, quando o avião se encontrava a 7 mil metros do chão, ouve-se “ruídos metálicos fortes contra a porta da cabine”, como se de uma tentativa de golpear a porta se tratasse. 90 segundos mais tarde, a cinco mil metro do solo, novo alarme. Novo grito: “Abre a maldita porta”, gritou o piloto desesperado. Dentro da cabine, percebe-se a respiração de Lubitz. Pelas 10.40 o aparelho toca com a asa direita na montanha, nos Alpes franceses, e ouve-se novamente os gritos dos passageiros. A gravação termina. É o fim.

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