Se dúvidas houvesse que a comida de rua é uma moda, tendência ou febre (chame-lhe o que quiser, risque o que não interessar) com cada vez maior notoriedade em Portugal, bastaria aceder à pagina Street Food European Festival no Facebook para as dissipar. Cerca de 17 mil pessoas já confirmaram presença neste evento que vai reunir no Jardim do Casino Estoril mais de 60 pontos de venda de comida de rua.
E não se pense que se trata apenas de concentrar no mesmo espaço várias rulotes de bifanas e farturas, os clássicos mata-bicho de qualquer evento de massas. Nada disso: na lista de inscritos do festival estão marcas especializadas em produtos tão diversos como sushi, bagels, burritos, focaccias, bolas de Berlim, pizzas, leitão da Bairrada, cachorros, tapas, waffles ou enchidos. Ou seja, há comida para gregos, troianos, persas, etruscos, cartagineses e membros de quaisquer outras civilizações que se pretenda enumerar. Mas antes de rumar à festa, convém saber com o que contar.
Como o nome indica, é um festival europeu.
Entre os presentes, há mais de uma dezena de representantes internacionais. E é natural: a street food é uma tendência a nível europeu, com mercados como o Street Food Thursday em Berlim, o Madreat, na capital espanhola, ou o Streat Helsinki que provam isso mesmo.
Quem vem de fora irá trazer, sem dúvida, valor acrescentado. Os Fresh Rootz, por exemplo, especialistas em comida vegan, ganharam o prémio de Best Snack, nos British Street Food Awards de 2014. Os italianos Mozao vão mostrar algumas especialidades de Reggio Emilia, nomeadamente os gnocco e as tigelle. De França chega a carrinha Blackspoon, com um conceito de comida do Senegal e Mali e de Inglaterra vem a carrinha Crabbieshack, cuja especialidade são hambúrgueres de caranguejo de casca mole. Já os alemães Bunsmobile fazem hambúrgueres dos clássicos, é certo, mas com o aspeto que se vê em baixo. E isto é só a amostra.
Os portugueses garantem qualidade, sim, mas também variedade.
Como é natural, a grande maioria dos presentes vem de Lisboa ou das redondezas. Como foi mencionado em cima, a variedade está mais do que assegurada: dos cachorros da Caxorrolote, Legend ou Maria Wurst aos petiscos italianos da Focaccia in Giro, Piadina’s Wine & Co ou da Cucina. Das comida saudável do Vai à Fava aos enchidos da Charcutaria Lisboa; do sushi da Sushi Van aos burritos do Walkamole…é possível que já tenha percebido a ideia por esta altura. Aqui pode consultar uma lista que, apesar de incompleta, reúne a maioria dos participantes.
A entrada no recinto é grátis e a unidade monetária do festival são os streets.
Como já foi dito, o festival irá ocupar o amplo Jardim do Casino Estoril. José Borralho, presidente da APTECE (Associação Portuguesa de Turismo de Culinária e Economia), a associação responsável pela organização do evento, explica que “a entrada é gratuita, faz-se pelas seis entradas normais do Jardim e em cada um dos quatro extremos do recinto haverá um ponto para trocar dinheiro”. Aí, os visitantes podem comprar streets, a divisa de plástico aceite pelos stands, no valor de 5 e 10€. Portanto, dentro do recinto não circula dinheiro.
Os horários divulgados, para já, são apenas provisórios, tudo depende de como correr o evento.
A ideia dos organizadores é ter o recinto a funcionar entre as 12h00 e as 20h00 de segunda a quarta e até às 23h00 de quinta a domingo. Mas este plano está dependente de dois fatores: o meteorológico (“que parece que vai ajudar”, diz José Borralho), e o popular. Ou seja, se a adesão do público durante a semana ultrapassar as expetativas e for bom para todos os envolvidos, os horários podem vir a ser alargados. Mesmo nesse caso, espera-se que os mais de 200 lugares sentados previstos pela organização, entre mesas, cadeiras e pufes, cheguem para toda a gente. Caso não cheguem, há sempre relva.
Nem só de negócios sobre rodas se faz o festival.
Apesar de a grande maioria dos participantes trazer as clássicas Piaggio Ape, os mini furgões de três rodas da marca italiana, muito usados para este tipo de negócio, e de a eles se juntarem mais de uma dezena de carrinhas transformadas, há vários casos de participantes internacionais que montarão as suas bancas em tendas, contornando desta forma as dificuldades logísticas de fazer milhares de quilómetros com um veículo mais preparado para cozinhar do que para conduzir. Ao todo, contabiliza a organização, haverá mais de 60 postos de venda.
É a primeira edição mas não será a última.
A intenção da organização é não só repetir este festival em Cascais como levá-lo a outros pontos do país. “Não queremos fazer disto uma atividade pontual, até porque as autarquias têm que compreender que a street food dinamiza as cidades: há bairros em Londres onde ninguém iria e que por causa deste tipo de mercados ganharam toda uma nova vida”, explica José Borralho. O responsável revela ainda que “várias autarquias irão marcar presença no festival e já demonstraram interesse em fazer isto, nomeadamente no Algarve, durante o verão.”
O festival decorre no âmbito do Congresso Mundial de Turismo Gastronómico
O World Food Tourism Summit, também organizado pela APTECE, terá lugar no Centro de Congressos do Estoril entre 8 e 11 de abril e trará à baila temas interessantes como as tendências emergentes no turismo gastronómico, a melhor forma de promover os destinos que apostam nesse tipo de atração ou até o impacto dos reality shows sobre comida nesta área. Como não poderia deixar de ser, uma das palestras é dedicada à street food, com o jornalista inglês Richard Johnson.