Se muitas vezes se usa a expressão “fulano tal já fez de tudo um pouco” sem grande critério, o percurso de Joaquim Saragga Leal, o responsável pela nova Taberna Sal Grosso, permite aplicá-la sem qualquer reserva. O agora cozinheiro formou-se em Engenharia Mecânica, participou em provas de motociclismo todo-o-terreno, foi piloto e instrutor de helicópteros, responsável de qualidade da Volkswagen, diretor operacional de uma sociedade agrícola e, pelo meio, ainda teve tempo de jogar râguebi federado e fazer diversos cursos de certificação de mergulho. Aos 37 anos, já pouco lhe faltava fazer: abrir um restaurante deixou de constar desse lote

Não se pense, contudo, que o homem aterrou de paraquedas na cozinha. Nada disso, a ligação aos tachos já é antiga. “Quando vivia em comunidade era sempre o cozinheiro designado”, explica Joaquim que aproveitou uma fase de indefinição na carreira para tirar o curso de cozinha na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa. Foi aí que conheceu João e Cátia, os seus parceiros nesta aventura que conta ainda pouco mais de um mês.

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Alinhados da esquerda para a direita: Joaquim, Cátia e João, à porta da Taberna Sal Grosso. (foto: Lara Soares Silva / Observador ©)

O conceito do espaço, onde cabem cerca de 30 pessoas, explica-se em poucas palavras: comida tradicional, honesta, sem pretensiosismos nem grandes malabarismos, preparada numa pequena cozinha onde, dizem os próprios, não há chefs, só cozinheiros. E de mão cheia. Para comprová-lo nem sequer é preciso pedir a ementa, já que as opções disponíveis estão escritas num enorme quadro negro pendurado numa das paredes. Há-as mais e menos taberneiras, como as iscas à portuguesa (5€), a mão de vaca com grão (5€), umas pataniscas de feijão (3,5€ / 5 unidades) que o são para servirem de opção vegetariana, uma açorda à lisboeta, com alho e coentros (3€), ou a sopa de peixe (3€), cuja qualidade já foi (a)testada por um grupo de amigos alentejanos “que gosta de comer bem”. A ideia é que uma vez por semana possam entrar opções novas mas sem impossibilitar que as que saiam voltem a constar mais tarde. “A carne de porco à portuguesa, por exemplo, saiu da carta ao fim de duas semanas, mas entretanto dois clientes vieram perguntar-me por ela, de forma que voltou a entrar”, conta o responsável.

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As tenras bochechas de porco servidas com puré de aipo e maçã, um dos pratos da casa. (foto: Lara Soares Silva / Observador ©)

Antes de abrir o restaurante, Joaquim estagiou em algumas cozinhas onde, diz, não demorou “a ver os erros nos negócios dos outros”. Isso levou-o a perceber o que queria para o seu restaurante. “Aqui fiz algo baseado naquilo de que gosto”, diz. E isso vê-se tanto na cozinha como na garrafeira, que conta apenas com marcas portuguesas, exceto Coca-Cola, e só porque não há uma alternativa nacional à altura. O serviço é descontraído, feito por todos, uma descontração que se estende ao ambiente — como o horário é contínuo pode beber-se um copo e picar qualquer coisa a meio da tarde –, ao copinho de abafado que chega sempre com a conta e até ao nome, explicado por Joaquim: “pensei em fazer algo com Flor de Sal, mas como já havia muita coisa…ficou Sal Grosso.” E fica-lhe bem.

Nome: Taberna Sal Grosso
Morada: Calçada do Forte, 22 (Santa Apolónia) Lisboa
Telefone: 21 598 2212
Emailtabernasalgrosso@gmail.com
Horário: De terça a sábado, das 12h00 à 00h00. Em breve passarão a abrir à segunda-feira.
Preço médio: 12€