António Costa e o primeiro-ministro francês Manuel Valls tomaram esta sexta-feira de manhã o pequeno-almoço e o encontro serviu para o líder do PS garantir que com ele, o caminho não será de confronto com a Europa.

Ao lado de Manuel Valls, António Costa criticou aqueles que enveredam por políticas nacionais de forma unilateral que entram em confronto com as instituições europeias. “Como se tem visto, não é possível construir soluções nacionais de forma unilateral, nem em conflito com a Europa e com as instituições europeias”, disse. Com esta frase, António Costa fez duas coisas: criticar o governo grego, que está a negociar uma solução para a difícil situação financeira, e distanciar-se dessa solução que está a ser seguida por Alexis Tsipras, para passar a ideia que um Governo liderado por si não seguirá esse caminho. Isto, apesar de num primeiro momento, logo depois da vitória do Syriza na Grécia, Costa ter dito que a vitória era um sinal de mudança na Europa.

Se nega essa solução é porque, disse, “é preciso construir uma rede de alianças de solidariedades que permitam ao país avançar”. E tendo em conta que o encontro era com o primeiro-ministro francês, Costa insistiu que “é decisivo reforçar no Conselho [Europeu] a presença de governos que apostem na mudança e no crescimento, na convergência e no fim da austeridade”, declarou. Neste sentido, Costa disse estar preocupado “com a necessidade de a União Europeia reforçar a sua coesão, relançando-se um novo impulso para a convergência” até porque na atual conjuntura, “é importante que haja um diálogo à escala europeia”.

Manuel Valls, o homem que levantou uma polémica em França por defender um novo novo para o seu Partido Socialista, foi parco em comentários: “Somos amigos e socialistas”. António Costa seguiu no mesmo sentido: “Naturalmente, somos amigos, os dois socialistas e da mesma família política social-democrata europeia”, disse. Isto, apesar de Valls não ter sido convidado para o congresso do PS que elegeu Costa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Trinta anos de Europa

No encontro, António Costa lembrou também que se vai assinalar em breve os 30 anos da adesão de Portugal à Comunidade Económica e Europeia (CEE), ponto em que defendeu que os primeiros 15 anos de integração europeia do país foram “de grande sucesso”, com um crescimento económico entre 3,7 e 4,8 por cento entre 1996 e 2001.

“Temos de ultrapassar a trajetória de divergência dos últimos anos, de aumento de endividamento, e temos de devolver a confiança aos portugueses no sentido de que é na Europa que o país pode crescer e aproximar-se dos melhores níveis dos Estados-membros mais desenvolvidos. Essa tem de ser a nossa ambição coletiva, através de um diálogo com os nossos parceiros europeus para encontrar alternativas que permitam travar a política de austeridade e retomar uma trajetória de convergência”, advogou o líder do PS.

Interrogado sobre as relações entre França e Portugal, António Costa disse esperar que as relações “continuem excelentes, independentemente dos governos” dos dois países.

No encontro com o primeiro-ministro francês, António Costa esteve acompanhado pelo ex-secretário de Estado e ex-deputado socialista Pedro Marques.