O Serviço Nacional de Saúde (SNS), a entrada de Portugal na União Europeia, a aposta no conhecimento e na cultura, o rendimento social de inserção e complemento para idosos, o plano tecnológico e a modernização do Estado, foram as bandeiras reclamadas este domingo para o PS por António Costa.

Num comício festa que assinala no Porto os 42 anos do partido, o secretário-geral socialista assinalou as grandes marcas dos três governos socialistas (liderados por Mário Soares, António Guterres e José Sócrates). Sem referir nomes, António Costa não esqueceu a herança da última governação liderada por José Sócrates, marcada pelo Plano Tecnológico, o Simplex, o complemento solidário para idosos, que tenciona repor se chegar ao governo, e o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Segundo António Costa, o PS não é apenas o partido das causas sociais, mas também é “o partido do rigor na gestão da coisa pública”. O líder socialista não teme por isso “comparações” nesta matéria, citando os casos dos Açores versus Madeira, e a sua própria gestão na Câmara de Lisboa onde sublinhou ter reduzido a dívida em 40%, ao contrário do que aconteceu à dívida pública que aumentou com o atual governo.

O candidato a primeiro-ministro prometeu ainda aos socialistas não fazer promessas na oposição que não pode cumprir no governo. “Só assumiremos compromissos perante os portugueses depois de testar a sua capacidade e sustentabilidade”. Palavra dada, será “palavra honrada”.

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“Só temos uma palavra e uma cara. E é por isso que não temos escondido nada na manga, nem estamos fingir de mortos”, realça ainda António Costa em resposta ao deputado social-democrata Duarte Pacheco que desafiou os socialistas a discutir já a sustentabilidade da Segurança Social, abandonando os momentos Syrisa.

O PS tem estado a trabalhar com economistas para avaliar a evolução da economia nos próximos anos para apresentar “uma estratégia orçamental séria e credível” e que não continue a arrastar o país na crise.

Mas se Costa ainda não está em condições de anunciar o que pretende fazer se chegar a governo, já sabe o que recusa. Numa alusão ao Programa de Estabilidade e Crescimento , aprovado na semana passada em Conselho de Ministros, António Costa realça que este governo não só falhou na economia e na gestão das contas públicas, “como nada apreendeu e não é capaz de mudar de política”.

Comentando o objetivo de manter os cortes nos salários e a sobretaxa do IRS “até ao final da próxima legislatura”, o líder dos socialistas diz que afinal o governo tem os bolsos “cheios de austeridade”. E a propósito da intenção de reduzir 600 milhões de euros na despesa com pensões, anunciada uma semana depois de Passos Coelho ter defendido a redução das contribuições sociais das empresas, António Costa responde: isto não é aceitável”.

Costa que falou a seguir a Mário Soares defendeu que é preciso acabar com a insegurança e incerteza. “Temos de mobilizar as pessoas para vencer a crise e este é o grande desafio do PS”. Um partido cuja missão “é unir o que está desunido e resolver o que ninguém consegue resolver”.

O líder do PS viajou até ao Porto de comboio, um alfa pendular, acompanhado de que quase dois mil militantes socialistas. A viagem faz lembrar outras iniciativas promovidas por antecessores na liderança do PS, José Sócrates e António Guterres, e que tiveram comboios também como palco.