O diretor-geral da Opel Portugal, João Falcão Neves, afirmou à agência Lusa que a ACAP pediu uma audiência ao secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, no sentido de começar a ser negociado juntamente com as concessionárias de autoestrada a alteração das definições de carros que pagam classe 1 e 2. “Neste momento, tal como a legislação está feita, começa a afetar gravemente as marcas porque estas estão a lançar modelos em altura ou de inclinação do capot sob o eixo da frente que ultrapassam a altura de 1.10 metros, que assim passam a pagar classe 2 nas portagens”, frisou João Falcão Neves.

Atualmente, a lei refere que um carro com uma altura de 1.10 metros a partir do eixo paga classe 1 e se ultrapassar essa altura passa a classe 2, exceto se tiver mais de 2300 quilos. O que as marcas de automóveis querem é acabar com as exceções e alterar apenas a altura máxima que está definida neste momento. Ou seja, passar a classe 1 para 1.30 metros de altura para carros até 3.500 quilos. “O problema está perfeitamente identificado e já falámos com as concessionárias que estão abertas a conversações”, disse o diretor-geral da marca alemã em Portugal.

No entanto, adiantou que, para ser resolvido, tem de haver iniciativa do Governo, porque são necessárias alterações aos contratos do Estado com as concessionárias, sejam elas a Brisa, a Estradas de Portugal ou outras. “O que acontece é que os contratos com as concessionárias determinam uma quantidade de carros de classe 1 e 2 que devem passar anualmente nas estradas portajadas, sendo que, quando essa quantidade não é atingida, o Estado indemniza a concessionária por essa diferença”, explicou João Falcão Neves.

Para o responsável da Opel Portugal, “não faz sentido penalizar as marcas por uma questão de ‘design'”, sendo que “o correto é um carro pagar nas autoestradas em função do desgaste que produz” e com esta lei “acaba-se por ter carros pequenos a pagar como camiões”.

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João Falcão das Neves frisou que tal situação “tem de ser corrigida, até porque, se não for, pode pensar-se que se está a beneficiar alguma marca que por acaso tem uns modelos que até se enquadram”.

As marcas de automóveis, e principalmente a Opel, que é prejudicada como seu modelo Mokka, um pequeno utilitário ‘crossover’ com base no Corsa, estão a lançar cada vez mais modelos que ultrapassam os estipulados 1.10 metros na classe 1. Assim sendo, o setor quer propor uma extensão da exceção já existente na classe 2, abrangendo os carros com estas características, aumentando a altura do eixo. O diretor-geral da Opel observou que a atual lei “não só penaliza a indústria, como penaliza sobretudo os clientes com menos posses, porque não podem comprar carros baratos com alturas mais altas, e distorcendo o mercado”.

O responsável adiantou que “circulam nas autoestradas portuguesas carros claramente pesados a pagar classe 1 e carros claramente leves a pagar classe 2”, referindo-se à exceção feita pelo Governo de Sócrates aos carros monovolumes, com intenção de incentivar a compra destes modelos produzidos na Autoeuropa, em Palmela.

Para João Falcão da Neves, a alteração pedida pelas marcas “até se pode refletir num aumento de tráfego e de receitas”, porque estes modelos que atualmente pagam classe 2 não entram nas autoestradas e se for feita a alteração poderão passar a frequentar as estradas portajadas.

O diretor-geral reconheceu que tem um modelo afetado, “mas outras marcas também os têm, só que fazem algumas transformações locais, que têm como consequência inevitável a redução do grau de proteção do peão”. E acrescentou: algumas marcas “estão a juntar-se ao nosso cortejo, porque começam a ter os primeiros carros com os mesmos problemas que tivemos com o nosso Mokka”.

Além disso, disse existirem “outros anacronismos”, como, por exemplo, “um carro barato utilitário pagar classe 2 e um carro de luxo com suspensão pneumática pagar classe 1” porque lhe é possível reduzir a altura do eixo.

Questionado sobre se espera que o atual Governo atue no sentido de promover negociações com as concessionárias em ano de eleições, João Falcão das Neves adiantou que se houvesse “intenção de incluir esta alteração no próximo Orçamento do Estado já seria alguma coisa”.