O Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA) enfrenta uma carência de fundos para financiar as suas estratégias de luta contra a fome na Bolívia, pelo que procura parceiros para cooperar, disse, na quinta-feira, um alto responsável.

Em entrevista à Efe, em La Paz, o diretor regional do PMA, o peruano Miguel Barreto, explicou que o programa para a Bolívia abrange 70.000 pessoas, mas que atualmente apenas chega a 40.000 “por falta de recursos”.

“Estamos à procura de parceiros nacionais ou internacionais que queiram comprometer-se com o financiamento deste programa, que busca gerar sustentabilidade nas comunidades vulneráveis e onde existe uma participação e coordenação plena com as autoridades regionais e locais”, assinalou Miguel Barreto.

O mesmo responsavel realçou que a Bolívia está “muito perto de cumprir” o primeiro Objetivo de Desenvolvimento do Milénio (ODM), que se refere à redução do universo de pessoas que passam fome, uma vez que caiu em quase 20 pontos o seu nível de desnutrição ao longo dos últimos 15 anos.

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A estratégia do PMA no quadro da cooperação com a Bolívia na luta contra a fome e a desnutrição assenta em três eixos, um dos quais o apoio a programas governamentais de alimentação escolar.

A agência também apoia estratégias de nutrição e saúde materna e fomenta programas de “geração de resiliência em povoações altamente vulneráveis a desastres naturais”.

Segundo Barreto, a carência de recursos para continuar com esta estratégia deve-se, por um lado, ao facto de a Bolívia continuar a sofrer “o mesmo efeito que sofrem muitos países da América Latina” ao serem consideradas nações de “rendimentos medianos”, nas quais “se reduziram as correntes de assistência internacional”.

“Ao mesmo tempo, enfrentamos hoje em dia um nível de crise humanitária que não se via desde a II Guerra Mundial e que tem um impacto direto na conceção estratégica dos países doadores e isso diminui as possibilidades de assistência financeira”, explicou.

Alertou que, sem recursos suficientes, o PMA terá que “reduzir rações ou beneficiários” a médio prazo.

Por isso, Barreto indicou que se olhou a possibilidade de incorporar “outros atores”, como por exemplo o setor privado para que o cofinanciamento das atividades de luta contra a fome seja parte da responsabilidade social das empresas.