A iniciativa “Dias da Memória da Revolução”, que decorreu entre sexta e domingo no Quartel do Carmo, em Lisboa, recolheu mais de 150 testemunhos e centenas de objetos de pessoas envolvidas no período revolucionário, informou a coordenadora do projeto.

“Terão prestado testemunho cerca de 150 pessoas, a quantidade de objetos são muitíssimos, há pessoas que trazem centenas de fotografias”, adiantou à agência Lusa Fernanda Rollo.

Os “Dias da Memória da Revolução” tinham como objetivo recolher testemunhos, histórias, objetos ou memórias de quem viveu o processo revolucionário português nos anos de 1974 e 1975, para serem depois disponibilizadas na página da internet ‘www.memoriasdarevolucao.pt’.

Segundo a coordenadora e historiadora, algumas fotografias já estão a ser partilhadas no portal e na página de ‘facebook’ do projeto, embora ainda haja muito trabalho pela frente até que o ‘dossier’ completo esteja disponível para consulta aberta.

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“Naturalmente que isto ainda vai exigir da nossa equipa muito esforço e sobretudo muito trabalho, que demora muito tempo. É necessário trabalhar estas histórias, aperfeiçoá-las para as publicar em condições”, afirmou Fernanda Rollo.

Para a investigadora, a iniciativa constituiu uma homenagem a quem viveu o período da revolução de Abril de 1974 e se disponibilizou a contar a sua vivência.

“É também uma homenagem às pessoas que estão a prestar-nos este testemunho, quer aqueles que os estão a fazer em primeira pessoa, que são eles os protagonistas, quer uma homenagem muito bonita – e há muitas pessoas que têm aparecido com esse intuito – aos familiares que entretanto faleceram”, notou Fernanda Rollo.

A equipa de cerca de 40 pessoas, a maioria dos quais são investigadores do Instituto de História Contemporânea (IHC) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, ouviu as memórias de quem passou pelo Quartel do Carmo durante o fim de semana.

Uma das pessoas que quis contar a sua história foi Alice Pimentel, uma ‘madrinha de guerra’ dos militares que estavam na guerra do Ultramar e cujas cartas que trocavam os ajudava a passar o tempo.

“Eles gostavam muito de receber correspondência e a madrinha e guerra ajudava, com as cartas e os aerogramas que escrevia, a passar melhor o tempo. Quando recebiam cartas ficavam todos contentes e era para isso que nós lá estávamos”, lembrou.

Também Conceição Gonçalves Silva se deslocou ao Quartel do Carmo para partilhar aquele que foi “um dos períodos mais importantes” da sua vida.

“Casei em março de 1974, um mês depois acontecia a Revolução. Passado um ano fui para rua grávida festejar o aniversário do 25 de Abril, e um mês depois nasceu o meu filho”, contou à Lusa.

Os “Dias da Memória da Revolução” foram organizados pelo IHC, em parceria com a RTP, a Associação 25 de Abril e a GNR.