A tradição no Reino Unido dita que as publicações noticiosas, jornais e revistas, anunciem antes das eleições o apoio a uma candidatura. Este ano, o Partido Conservador reúne o maior número de apoios, embora haja muitos jornais que defendam os conservadores no poder coligados com os liberais-democratas.

Já o Partido Trabalhista está em minoria, mas continua a contar com o tradicional apoio do The Guardian, que escolheu Ed Miliband para liderar o país.

O UKIP também recebeu um apoio, o do Express, que defende que a Grã-Bretanha se tem de libertar da União Europeia.

Dos grandes jornais, apenas um decidiu não dar indicação de voto. O The Independent on Sunday, afirmando que o fez para se manter fiel ao nome do próprio jornal.

“Os eleitores devem escolher não só um partido, mas a combinação que terá a melhor hipótese de formar um Governo estável e pronto e implementar reformas. O país irá beneficiar do contrabalanço e da moderação dos liberais-democratas em Westminster. […] Só há um líder e um partido que podem liderar o Governo. Há riscos em reeleger o partido de David Cameron, especialmente no que diz respeito à Europa. Mas os riscos de não o fazer são maiores. Os seus instintos em relação à economia, ao setor empresarial e às reformas dos serviços públicos são certos. Miliband não oferece um programa económico credível e irá pôr um travão ao investimento”.

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“A 7 de Maio os eleitores devem avaliar a certeza de um desastre económico se os Trabalhistas ganharem por comparação com a possibilidade de uma dispendiosa saída da União Europeia se a vitória for dos Conservadores. Com os trabalhistas, a provável parceria com o SNP aumenta ainda mais esse risco. Para os Conservadores, uma coligação com os liberais-democratas diminuirá essa possibilidade. Com base nesta avaliação, a melhor esperança para o Reino Unido é a continuação de uma uma coligação liderada pelos conservadores. É por isso que o nosso voto vai para David Cameron”.

As duas publicações são irmãs, com o Guardian como jornal diário e o Observer como semanário. Ambos concordaram apoiar os trabalhistas.

Guardian: “Este jornal nunca foi um entusiasta em relação ao Partido Trabalhista. E também não somos agora. Mas a nossa visão é clara. Os trabalhistas são a melhor esperança e alternativa para enfrentar os tempos turbulentos que se avizinham”

Observer: “O Partido Trabalhista não tem todas as resposta. Longe disso. Mas é o único partido que identificou corretamente os desafios para a nossa sociedade. Por essa razão, merece formar o nosso próximo Governo”.

O Daily Mail apoiou os conservadores, mas pediu aos seus leitores que votassem UKIP onde este partido pudesse tirar lugares aos trabalhistas. A edição de domingo, o Mail on Sunday, também apoiou os conservadores.

The Daily Mail: “Aos eleitores do UKIP, fazemos um apelo especial. Ninguém percebe melhor do que o Mail as vossas frustrações com a União Europeia e o falhanço da coligação em manter as promessas de baixar a imigração para níveis aceitáveis. Mas a verdade brutal, é que só David Cameron pode realizar o referendo que nos oferece a esperança de retomarmos o controlo das nossas fronteiras”

Mail on Sunday: “Os eleitores têm uma alternativa clara: virarem-se para Cameron para a prosperidade, a segurança e a unidade ou fazer uma curva acentuada à esquerda para a desordem. The Mail on Sunday exorta os seus leitores a fazer a escolha certa – para o bem de todos nós”

“A nossa decisão foi baseada na economia, onde a coligação entre conservadores e liberais [atualmente no poder] tem um historial mais forte do que muitos se apercebem e onde o Partido Trabalhista apresenta maiores riscos”

“A última vez que os eleitores britânicos se depararam com a escolha entre um Partido Conservador favorável à economia e um Partido Trabalhista que odeia a riqueza foi em 1992, quando o comportamento heróico de John Major deu o resultado certo ao Reino Unido. Esperamos que David Cameron tenha essa coragem e siga esse exemplo. O impasse deve ser rompido”

“Vote UKIP para atacar o coração do Partido Trabalhista. Em nenhum outro lado os votos foram tidos como certos sem qualquer retorno. O apoio aos trabalhistas tem sido dado de forma irrefletida de uma geração para a outra e eles acreditam que o seu voto é um direito adquirido. Mas não é e está na altura de esmagar os bastiões trabalhistas”

“Qualquer parceria entre o Partido Trabalhista e o SNP vai prejudicar a frágil democracia britânica. Apesar de todas as suas falhas, outra coligação entre conservadores e liberais vai prolongar a recuperação económica e dar uma oportunidade melhor ao nosso reino de continuar a sobreviver”

“A redação do jornal ficou partida entre a edição inglesa e a edição escocesa. O Sun inglês apoia os conservadores, já o Sun escocês apoia o SNP, Partido Nacional Escocês.

The Sun: “[Os conservadores] São de longe a melhor aposta para haver prosperidade e dar felicidade às pessoas normais que leem o The Sun. É simples”

The Sun (edição escocesa): “Só o SNP pede a autonomia que vai permitir aos escoceses oportunidades e liberdades iguais. Só num Reino Unido com uma nova forma é que o país pode atingir todo o seu potencial. Ao contrário dos trabalhistas. Eles deixaram-nos ficar mal”

“A preocupação deste jornal nestas eleições é o futuro de Londres: o bem-estar dos seus habitantes e o vigor da sua economia. Não se trata de uma visão partidária estreita; é nossa convicção que aquilo que beneficia a capital, beneficia o resto do país. O londrinos devem pois considerar as necessidades da capital quando foram votar – esta é uma eleição londrina. Esta é uma cidade diferente com muitas variantes de opinião política. Respeitamos essa multiplicidade de pontos de vista. Contudo, para este jornal, são os Conservadores e um governo dirigido por David Cameron que servirão melhor os interesses da capital”.

“O abismo entre a visão dos trabalhistas e dos conservadores permanece tão grande como sempre. Esse abismo vai crescer se Cameron continuar a governar. Se eles tiverem uma oportunidade, vão continuar a bater em si, na sua família e na sua comunidade, até à submissão. Não lhes de essa oportunidade. Dê-lhes o que o seu desempenho e a sua selvajaria merecem: carrinhas de mudança à porta de Downing Street”.