Carvalho da Silva não vai participar na corrida para Belém. A candidatura às eleições presidenciais chegou a ser equacionada pelo próprio e parecia ganhar força à esquerda, mas o ex-secretário-geral da CGTP acabou por desistir da hipótese na quarta-feira.

A notícia começou por ser avançada pela TVI e foi, entretanto, confirmada pelo Público. De acordo com este jornal, Carvalho da Silva terá reunido na quarta-feira com o grupo que o apoiava para comunicar a decisão de abandonar a corrida eleitoral. Esta foi uma decisão que começou a ganhar forma no último fim de semana e acabou por se materializar dias depois. O antigo militante do PCP colocou, assim, um redondo “não” na especulação que se tinha gerado em torno da sua candidatura.

A hipótese “Carvalho da Silva” foi crescendo à medida que o ex-secretário-geral da CGTP não se excluía da corrida ao cargo de Presidente da República. Mas, primeiro, foi Luís Marques Mendes, na SIC, que preparou o terreno: “Ao que me dizem, Carvalho da Silva, está a pensar preparar a sua candidatura à presidência da República, com apoios da esquerda do PS, do PCP e do Bloco de Esquerda”. Estava dado o tiro de partida.

Em fevereiro, em declarações à Rádio Renascença, Carvalho da Silva disse que não vivia “obcecado” pela ideia, mas admitiu que não rejeitava essa possibilidade.

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“Essa ideia de corrida não tem sentido. Se me perguntar se não reflito sobre esse problema e se não me preocupo com uma construção de uma candidatura que possa ajudar a que haja, amanhã, um Presidente da República bem diferente do atual, porque o atual também neste processo da Grécia deu mais um exemplo do que não deve ser um Presidente da República… Se me perguntar se anda empenhado nisso, se discuto, se analiso, sim senhor, procurarei dar o meu contributo à construção”, disse na altura aos microfones da Renascença.

Semanas depois, nos estúdios da TVI, Carvalho da Silva repetiu a mensagem e voltou a dizer que não vivia obcecado com a ideia, ao mesmo tempo que prometia tentar “não defraudar estas posições e estar disponível”. De volta à Renascença, em abril, o sindicalista preferiu refrear os ânimos e repetir que não era candidato presidencial. “É preciso muita clarificação. Há ainda muita poeira no ar”.

A eventual candidatura de Carvalho da Silva era apontada por muitos como “a” candidatura da esquerda, mas a hipótese de Sampaio da Nóvoa avançar – como se veio a concretizar – ameaçava tirar alguma força à pretensão do ex-secretário-geral da CGTP.

Esta era uma ideia defendida, por exemplo, por Viriato Soromenho Marques. Em abril, em declarações ao Observador, o professor catedrático na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa admitiu que, face à multiplicação de candidatos à esquerda era “natural que pessoas com valor político como Carvalho da Silva” fizessem “aquilo que muitos fariam no seu lugar, que é repensar a candidatura” e “chegar a um consenso” sobre quem avançava para Belém.