A União Europeia (UE) está a planear ataques militares aéreos contra alvos na Líbia para tentar inverter o fluxo de barcos que saem daquele país com migrantes em direção às costas europeias. A notícia é avançada pelo Guardian, que adianta ainda que é o Reino Unido que está a preparar a resolução que Federica Mogherini, a responsável da política externa comunitária, vai levar ao conselho de segurança da ONU esta segunda-feira para obter autorização para os ataques.

O plano prevê a deslocação de navios militares dos países da União para águas líbias e o envio de helicópteros com poder de fogo para impedir os barcos dedicados ao tráfico de pessoas de atravessar o Mediterrâneo. Segundo o documento, que prevê o “uso de todos os meios para destruir o modelo de negócio dos traficantes”, a missão vai ser liderada pela Itália, mas a coligação envolve outros dez países europeus, incluindo Reino Unido, França e Espanha.

Fontes de Bruxelas ouvidas pelo jornal asseguram que os grupos jihadistas e paramilitares envolvidos no tráfico de milhares de pessoas da África subsaariana têm um forte dispositivo de artilharia e de baterias antiaéreas, pelo que é provável que as ações da União Europeia levem a um escalar da situação. Nesse caso, admitem, a NATO poderia também ser chamada a desempenhar um papel nesta missão.

Nos contactos entre os responsáveis europeus e os países membros do conselho de segurança da ONU, a Itália terá já conseguido um pré-acordo para que a Rússia vote a resolução favoravelmente. E a China, acredita Mogherini, que visitou o país na semana passada, não vai impedir a ação. Quem parece não ter sido consultado sobre o assunto é Ibrahim Dabbashi, embaixador da Líbia na ONU, que disse à agência Associated Press que, à partida, se opunha aos planos europeus. Além da discussão nas Nações Unidas esta segunda, o plano vai também ser sujeito à aprovação dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 28 e do Conselho Europeu a realizar em junho.

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Quotas podem trazer mais imigrantes para Portugal

Paralelamente, a União Europeia está também a ultimar uma proposta para que estabeleçam quotas comunitárias para o acolhimento de imigrantes que pedem asilo. Essas quotas serão definidas com base nas condições económicas de cada Estado-membro, tendo em conta fatores como o PIB e o desemprego, conjugados com o número de pedidos de asilo que cada país receba.

A ideia de Bruxelas é, assim, criar regras que se apliquem a todos os 28 países da União, pondo fim ao que acontece hoje em dia, em que cada Estado-membro toma sozinho as decisões sobre acolhimento de asilados. Essa situação levou a que, nos últimos anos, se tenha criado uma grande disparidade entre países: a Alemanha, por exemplo, recebe cerca de um terço de todos os pedidos feitos para o espaço comunitário. Portugal e Espanha estão no fim da lista e as novas regras poderão levar a que os países que mais recebem migrantes – Alemanha e Suécia à cabeça – transfiram algumas dessas pessoas para locais até agora pouco abertos ao acolhimento.