Quem financia os Clinton? Segundo uma investigação publicada em livro nos Estados Unidos, a fortuna do mais poderoso casal da política americana vem das doações feitas por entidades e empresários estrangeiros à Fundação Clinton. Estes doadores generosos terão beneficiado em troca de decisões favoráveis do departamento de estado americano, chefiado por Hillary Clinton, durante o primeiro mandato de Barak Obama que terminou em 2012.

O livro tem um título revelador – O dinheiro dos Clinton. A história por contar de como e porquê governos e empresas estrangeiras ajudaram Bill e Hillary a ficarem ricos. O lançamento só podia ser polémico, dado o momento de aceleração na corrida presidencial americana que se realiza em 2016. Ainda antes da publicação, saíram alguns capítulos em jornais de referência como o New York Times e o Washington Post que terão acordos para investigar as histórias relatadas no livro cujo autor é também ele alvo de polémica.

Peter Schweizer tem ligações públicas aos republicanos, tendo sido consultor de George W. Bush e de Sarah Pallin, a governadora do Alasca que era vice-presidente da candidatura de John McCain. O senador republicano perdeu em 2008 para a dupla Obama/Clinton. A editora HarperCollins é detida pela News Corporation, de Rupert Murdoch, a dona da estação Fox que é conhecida pelo seu apoio assumido aos republicanos. A suspeita de conflitos de interesses estará a ser usada pela campanha de Hillary para abalar a credibilidade das denúncias feitas, admitem alguns jornais americanos.

O autor contra-ataca e acusa a campanha de Hillary de estar por trás da divulgação a alguns órgãos de apenas um capítulo e não de todo o livro quando confrontada com investigações jornalísticas a histórias que são reveladas no livro. Um dos casos explora a ligação entre os Clinton e o doador Frank Giustra, um milionário canadiano e a aprovação da venda de uma empresa mineira à Rússia.

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Um acordo comercial com a Colômbia que terá beneficiado o projeto de um grande doador da fundação Clinton, o desenvolvimento de investimentos no rescaldo do sismo no Haiti e mas de um milhão de dólares em honorários pagos a Bill Clinton por um banco canadiano que é acionista do pipeline Keystone XL quando este projeto estava a ser discutido no departamento de estado, são algumas das coincidências avançadas por esta investigação.

O livro já está à venda. A Amazon publicita-o nestes termos:  “Em 2000, Bill e Hillary Clinton deviam milhões de dólares. Desde dessa data, ganharam mais de 130 milhões de dólares (116 milhões de euros). Donde veio o dinheiro? A maioria das pessoas assume que os Clinton vão buscar a sua fortuna a negócios lucrativos de publicação de livros e honorários de seis números (acima de um milhão) para realizar palestras em conferências. Agora, Peter Schweizer revela quem está por trás destes enormes pagamentos.”

A Fundação Clinton tem estado sujeita a escrutínio por ter aceite doações de entidades e particulares estrangeiros quando Hillary Clinton liderava a secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros. Recentemente, a instituição mudou a sua política de financiamento para aceitar doações de países com a Alemanha, o Canadá, a Holanda e o Reino Unido, mas para travar contribuições de países do Médio Oriente, de acordo com o New York Times.

Em 2011, Bill Clinton recebeu 13,3 milhões dólares em honorários por 54 discursos em conferências, a maioria realizada fora dos Estados Unidos.  Em 2014, o ex-presidente americano esteve em Lisboa numa conferência sobre economia. Foi a terceira aparição de Bill Clinton como orador-estrela em Portugal depois de ter participado em eventos em 2003 e 2008.