Os incidentes junto ao Estádio do Guimarães, na noite de domingo, em que um agente da PSP agrediu um adepto do Benfica em frente a dois filhos menores está a gerar uma onda de protestos, que chegou diretamente à força policial. A página do Facebook da PSP encheu-se de comentários negativos e acusações.
“Pede-se a expulsão do policia que ontem agrediu selvaticamente um Cidadão na frente do Filho, e o Idoso, que deveria ser Pai do agredido! É revoltante. Inqualificável tal atitude – mesmo que tivesse sido insultado. Identificava-o e levava-o para a esquadra. Este policia, não tem a mínima sensibilidade para continuar a usar aquele distintivo e farda. Somos nós Pvo Portugues que lhe pagamos o salário! O despedimento seria o mais óbvio, mas… já sabemos que nada acontece!”, escreveu um utilizador da rede social Facebook, na página oficial da PSP.
Os comentários nas redes sociais tornam evidente a revolta contra a intervenção da polícia nos festejos. Alguns vídeos foram partilhados por utilizadores, pretendendo mostrar a violência utilizada pelas forças de segurança. Um mais partilhados foi o do homem agredido por um agente da PSP à saída do jogo entre o Guimarães e o Benfica, este domingo. José Magalhães foi acusado de ter cuspido na cara do agente Filipe Silva, que assim justificou a agressão. A vítima nega a acusação.
Alguem me explique isto?? Será k o homem estava armado ????? para o otario do policia fazer isto??? A frente da criança.
Posted by Ricardo Filipe Pinto on Domingo, 17 de Maio de 2015
“Não vi a PSP a ter tão pouca tolerância quando foram abalrroados pelos colegas nas escadas da assembleia da República!!!”, comentário de outro utilizador da rede social Facebook.
A falta de tolerância, a violência desproporcional e a falta de “sensibilidade” da Polícia de Segurança Pública fazem com que as suas ações sejam consideradas “inqualificáveis” e “revoltantes” para alguns utilizadores do Facebook, na página oficial da PSP.
Mas houve também quem defendesse a polícia:
“O polícia é um homem que está sobre um enorme stress, muito mau pago, se morrer a exercer a profissão a família fica na miséria. Num jogo de alto risco é ofendido, leva com petardos, com garrafas de cerveja, pedras etc… O que terá o policia a responder daquela maneira? Onde está a extrema violência? É pelo facto de estar lá crianças? Pensem em todos os pontos e não tenham por base alguns segundos de imagem sem som…”.
Já depois de a PSP ter emitido um comunicado em que anunciou a abertura de um processo disciplinar ao polícia de Guimarães, novos comentários apareceram de imediato.
“Após o visionamento das imagens em questão, a PSP decidiu instaurar procedimento disciplinar contra o elemento policial que consumou a detenção” – não quero imaginar o que acontece quando este tipo de episódio não é filmado.
Caros senhores, é dos livros: a situação de Guimarães deveria ter sido tratada autonomamente. Ao fazerem um post deste tamanho e “sepultarem” nele a menção de que só “após o visonamento das imagens” “a PSP decidiu instaurar procedimento disciplinar contra o elemento policial” deixa-nos de imediato perante um tremendo e angustiante conjunto de dúvidas: e se não houvesse imagens? E se não houvesse testemunhas? E se as consequências fossem mais graves? […]
Nas redes, porém, a PSP não é toda criticada. Há um agente que é muito elogiado, o que tentou acalmar o filho menor, de 11 anos, do adepto que estava a ser agredido.
BE e PSD questionam MAI
Alguns partidos políticos como o Bloco de Esquerda (BE) e o Partido Social Democrata (PSD) já se pronunciaram acerca das celebrações violentas.
A deputada do BE, Cecília Honório, pediu esta segunda-feira explicações ao Executivo da maioria PSD/CDS-PP sobre os incidentes de domingo entre adeptos e forças policiais, durante os festejos do segundo título nacional consecutivo de futebol do Benfica.
“Aquilo que nós exigimos ao Governo, à ministra da Administração Interna, são esclarecimentos imediatos sobre a atuação das forças de segurança, cujo papel é evidentemente preservar a segurança dos cidadãos e cidadãs em acontecimentos desta natureza”, afirmou a bloquista, à margem das jornadas parlamentares que decorrem até terça-feira, na região de Setúbal.
Sérgio Azevedo, deputado do PSD classificou como “lamentáveis” os distúrbios após os festejos num requerimento entregue esta segunda-feira à Assembleia da República, dirigido ao Ministerio da Administração Interna. O deputado social democrata elogia a atuação das forças policiais em Lisboa, afirmando que a PSP “atuou numa lógica de razoabilidade e proporcionalidade”, “perante os distúrbios causados por um grupo marginal e desrespeitador dos princípios de vivência comunitária, de liberdade e de respeito.”
Por outro lado, Sérgio Azevedo critica a ação das forças policiais em Guimarães, nomeadamente em relação à agressão de José Magalhães em frente aos dois filhos menores (de 9 e 13 anos), e do avô das crianças, também ele agredido.
“Caso diferente foram os acontecimentos, amplamente divulgados pela comunicação social, ocorridos na cidade de Guimarães e que dão conta de uma atuação desproporcionada, tendo em conta as imagens televisionadas, contra dois cidadãos adultos e uma criança”, afirmou o deputado do PSD. “Os acontecimentos públicos ocorridos na cidade de Guimarães não podem cair no esquecimento, merecem um esclarecimento público cabal e as suas consequências devem servir de exemplo a todos.”, acrescenta.