Um estudo sociológico conduzido por Christin Munsch, investigadora na Universidade do Connecticut (Estados Unidos), concluiu que o elemento do casal que contribui menos para o orçamento familiar pode ter maior tendência para trair o parceiro. Os resultados foram publicados na revista científica American Sociological Review.

“Seria de pensar que as pessoas não quisessem ‘morder a mão que lhes dá de comer’ por assim dizer, mas não foi o que a minha pesquisa demonstrou”, disse a Christin Munsch citada por Phys.org. “Em vez disso, verificou-se que as pessoas gostam de se sentir equivalentes na relação. As pessoas não gostam de se sentir dependentes de outras.”

A investigadora encontra assim uma forma de justificar porque é que homens e mulheres que dependem dos cônjuges podem acabar por traí-los. “A infidelidade pode ser uma forma de recuperar a equidade na relação”, lê-se no artigo. Mas a autora também verificou que a influência da dependência na traição é maior nos homens do que nas mulheres. “A infidelidade pode permitir a homens dependentes envolverem-se num comportamento compensatório enquanto simultaneamente se distanciam do cônjuge que sustenta a família.”

Para mulheres e homens que são totalmente dependentes dos cônjuges a probabilidade de traição num ano normal é cerca de 5%, no caso das mulheres, e 15%, nos homens. “Ser infiel pode ser a forma de restabelecer a masculinidade ameaçada”, explica a investigadora citada pelo Phys.org, justificando porque é que há maior probabilidade de os homens dependentes se envolverem em comportamentos de traição.

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Olhando para os membros que ganham a maior parte dos rendimentos familiares, os comportamentos são muito diferentes. As mulheres que contribuem com a totalidade do orçamento familiar tendem a trair menos os cônjuges e demonstrar mais comportamentos de concílio com estes. No caso dos homens, à medida que a diferença do que ganham em relação à esposa se esbate, também a probabilidade de traírem diminui, mas só até aos 70% do rendimento do casal. A partir daí volta a aumentar a probabilidade de infidelidade do membro masculino do casal.

“Estes homens sabem que as esposas são realmente dependentes e podem pensar que, em resultado disso, elas não os irão deixar mesmo que saibam da traição”, disse Christin Munsch citada pelo Phys.org. “Para eles, trair também pode ser a procura de um parceiro que contribua economicamente para a relação.”

O trabalho de Christin Munsch baseou-se num inquérito norte-americano – National Longitudinal Survey of Youth – que recolheu dados de 2.750 pessoas casadas, entre os 18 e os 32 anos, desde 2001 a 2011.