Os dois candidatos à privatização da TAP, Germán Efromovich e David Neeleman, asseguraram que entregaram esta sexta-feiras propostas melhoradas à compra de 61% da companhia.

O secretário de Estado dos Transportes confirma que as ofertas entregues apresentam “alterações no projeto estratégico”. Sérgio Monteiro ainda não tem indicações sobre se os candidatos melhoraram a parte financeira, mas deixa a mensagem: “Oxalá os concorrentes tenham melhorado significativamente as propostas”, face ao que apresentaram a 15 de maio, quase sugerindo que se tivessem mantido as ofertas, o Estado poderia voltar a não vender.

Nos últimos dias, responsáveis governamentais aumentaram o tom das declarações públicas em que apelavam, ou quase exigiam, a entrega de ofertas melhoradas por parte dos dois concorrentes à compra da TAP. Ainda assim, Monteiro voltou a realçar que este é um processo competitivo (com duas propostas), ao contrário do que sucedeu em 2012 quando só Germán Efromovich era candidato.

Não está contudo ainda afastado, o cenário de não vender. E é por esta razão, explicou o secretário de Estado, que ainda não foi divulgado o plano de ajustamento de custos preparado pela TAP para responder aos efeitos da greve dos pilotos. “Caso a privatização não tenha sucesso, não será um ajustamento. Temos de passar para uma reestruturação mais profunda”.

Parecer da TAP sobre projeto estratégico pode ser decisivo

A Parpública, acionista da TAP, terá agora cinco dias para analisar as novas ofertas, sendo que a companhia aérea terá novamente de se pronunciar sobre os projetos estratégicos apresentados por Neeleman e Efromovich e, que pela informação já tornada pública, apostam forte na renovação da frota com a compra de cerca de 50 novos aviões e na expansão da atividade da TAP, com foco no continente americano.

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Os números que foram conhecidos das ofertas vinculativas de 15 maio apontavam para planos de recapitalização da TAP que poderiam ir até aos 350 milhões de euros, um pouco acima da exigência mínima imposta pelo governo que era de 300 milhões de euros. Há uma parte deste financiamento que seria realizado em espécie, ou seja, em aviões, pelo menos no caso da proposta inicial da Synergy (Efromovich) que previa 100 milhões em aeronaves, 12 para entrega imediata, e um calendário para injetar 250 milhões em dinheiro fresco.

O relatório da Parpública vai fazer a “apreciação da qualidade das propostas” e irá também assegurar que todas as exigências do caderno de encargos são cumpridas, acrescentou Sérgio Monteiro numa declaração esta sexta-feira, onde esteve também a secretária de Estado do Tesouro, Isabel Castelo Branco.

Dada a complexidade e volume dos documentos a analisar, Sérgio Monteiro admite que a escolha do vencedor venha a derrapar em relação ao calendário inicial previsto, que apontava para uma tomada de decisão já no Conselho de Ministros na primeira quinzena de Junho. O governo pretende deixar este dossiê fechado até ao início da julho. A privatização da TAP é contestada por toda a oposição e o PS já admitiu que se chegar ao poder vai tentar renegociar a maioria do capital do que este executivo quer ceder ao investidor privado.

David Neeleman, o dono da brasileira Azul, diz que a sua proposta aposta na renovação da frota, propondo a compra de 53 aviões “novos e tecnologicamente avançados”. O empresário realça que “a nossa prioridade é o investimento na TAP . Queremos colocar a TAP numa rota de crescimento fortalecendo-a como companhia de bandeira, reforçar o Hub de Lisboa, de modo a que a TAP possa continuar a contribuir com cerca de €2.000 milhões para a economia portuguesa”.

Mais do que uma proposta, adianta, “é um compromisso de investimento e de crescimento para a TAP”, que é assumido também pelo sócio português de Neeleman, o empresário dono da Barraqueiro, Humberto Pedrosa. Devido à nacionalidade não europeia, Neeleman não poderá ter mais de 49% do consórcio que vier a comprar o controlo da TAP. O dono da Azul deixa ainda uma nota de elogio ao profissionalismo dos que trabalham na TAP. 

Sem entrar em detalhes sobre o conteúdo da oferta final, fonte oficial do empresário que é dono da Avianca, Germán Efromovich, refere que entregou uma “proposta melhorada”, após um período de negociação com o governo. E sublinha que a oferta “vai de encontro ao objectivo de modernização e desenvolvimento desta companhia aérea, como empresa de referência”.