O ator Nuno Melo, falecido nesta terça-feira aos 55 anos, contribuiu “para um enriquecimento e valorização das artes dramáticas portuguesas nos seus vários meios”, afirma o Governo numa nota de pesar. A nota, do secretário de Estado da Cultura, “expressa público pesar pelo falecimento de Nuno Melo” e afirma que “a sua sensibilidade artística, aliada ao talento e carisma que lhe são reconhecidos, fez dele um ator multifacetado, de vários palcos, capaz de se adaptar aos mais diversos registos e papéis”.

Através deles, Nuno Melo contribuiu “para um enriquecimento e valorização das artes dramáticas portuguesas, nos seus vários meios”. “Seja em televisão, cinema, teatro ou em registo de comédia, romance ou drama, Nuno Melo conseguia despertar no seu público os mais diversos sentimentos ou emoções e é essa proximidade e capacidade de adaptação aos mais variados papéis que fazem dele um dos mais talentosos atores da sua geração”, remata a nota do secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier.

O nome do ator saltou para a ribalta pelo seu papel no tele romance “Chuva na areia”, de Luís de Sttau Monteiro, exibido na RTP, onde desempenhava o papel de “Caniço”, e contracenou entre outros, com Filipa Cabaço, Carlos Wallenstein, António Rama, Laura Soveral, Armando Cortez, Alina Vaz e Virgílio Teixeira.

A associação SOS Hepatites num comunicado de pesar pela morte do ator, apela a todos os portugueses para fazerem o rastreio ao seu fígado. “Nuno Melo soube, há relativamente pouco tempo, que era vítima de um cancro hepatocelular e que a situação era complicada. Nuno Melo foi uma das vítimas da Hepatite C, tendo passado por uma fase em que a cura ainda não estava tão próxima da realidade como está hoje, com curas que rondam os 98%”, lê-se no comunicado da associação.

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“O processo por que passou Nuno Melo pode ser evitado, devido à inovação farmacológica que existe ao nosso dispor”, todavia a associação alerta: “O primeiro passo tem de ser dado por todos os portugueses que devem, pelo menos uma vez na vida, fazer o rasteio ao seu fígado”. Segundo a mesma fonte, “muitos milhares de portugueses estão infetados com a patologia embora não o saibam, nem tenham sintomas”. “Quando o souberem, pode ser tarde demais”, acrescenta.

Adverte a associação que todos os portugueses, particularmente os que nasceram entre 1950 e 1980, não devem deixar para a amanhã o que devem fazer hoje: “Vão ao médico de família e façam o rastreio. Salvem o vosso fígado”.

Entre os trabalhos de Nuno Melo, no teatro, contam-se “Plume”, de Henry Michaux, peça levada à cena no Teatro da Cornucópia, e “O beijo da mulher aranha”, de Manuel Puig, no Teatro Nacional D. Maria II, numa encenação de Natália Luiza com a qual contracenara em “Chuva na areia”.

Interpretou ainda Harold Pinter, Nobel da Literatura, Luísa Costa Gomes, Peter Handke, Joe Orton, os Irmãos Presniakov, Shakespeare, em encenações de Artur Ramos, Solveig Nordlund, João Perry, João Lourenço, José Wallenstein e Jorge Silva Melo, entre outros.

No cinema trabalhou com realizadores como Manoel de Oliveira, Eduardo Guerra, Edgar Pêra, João Botelho, José Nascimento ou Rodrigo Areias.

Em 2012, foi distinguido como melhor ator de cinema, pela Sociedade Portuguesa de Autores, pelo desempenho no filme “O Barão”, de Edgar Pêra, um guião de Luísa Costa Gomes baseado no romance homónimo de Branquinho da Fonseca. O mesmo filme garantiu-lhe o Globo de Ouro de Melhor Ator, nos Globos de Ouro na SIC.