A crise da dívida europeia, que começou em 2010, gerou uma fragmentação financeira acentuada nos países da zona euro, o que se traduziu, por exemplo, em custos incomparáveis quando uma empresa alemã e outra portuguesa ou espanhola (com as mesmas características) procuravam financiamento na banca ou nos mercados de capitais. Nesta fase, com a União Bancária, o regresso ao crescimento e os estímulos do BCE, um índice da agência Moody’s revela que essa fragmentação está nos níveis mais baixos desde 2010. A exceção é a Grécia, que está a seguir em sentido contrário. Pelo menos para já, contudo, não está a contagiar os outros países.
Nos primeiros quatro meses de 2015, a Grécia foi o único país onde a fragmentação financeira se agravou, afirma a Moody’s em nota a que o Observador teve acesso. Em todos os outros, as condições financeiras normalizaram-se, quando se analisa a homogeneidade de custos de financiamento e outros indicadores.
O agravamento das condições financeiras na Grécia manifestou-se num aumento das taxas de juro da dívida soberana, saída de depósitos da banca e desequilíbrio dos balanços (TARGET2) entre os vários bancos centrais nacionais (um reflexo de fuga de capitais da Grécia). “No entanto, não tem havido contágio significativo da Grécia aos outros países da zona euro”, diz a Moody’s, acrescentando que em abril de 2015 “a fragmentação tinha descido ainda mais, para os níveis mais baixos desde 2010”.
No gráfico acima, a linha azul reflete o índice de fragmentação excluindo a Grécia, que está claramente em trajetória descendente nestes primeiros meses. Incluindo a Grécia, o índice não alivia tanto e está perto dos máximos de início de 2014.
O crescimento económico na zona euro acelerou no primeiro trimestre, com uma subida de 0,4% face ao trimestre anterior, com surpresas positivas em Itália e França a compensarem um desempenho abaixo das expectativas da Alemanha. Já a Grécia registou uma contração da economia de 0,2% entre janeiro e março, depois da perda de 0,4% do PIB no quarto trimestre, também em cadeia, segundo dados publicados esta quarta-feira pelo Eurostat a 13 de maio. Atenas voltou, portanto, à recessão técnica.