A comissão de trabalhadores da TAP prometeu hoje intensificar a luta contra a privatização “nesta nova fase”, considerando que a decisão do Governo de vender ao consórcio de Humberto Pedrosa e David Neeleman não é irreversível.

Em comunicado, a comissão de trabalhadores da TAP reafirmou hoje que “a luta contra a privatização continua, e deve até ser intensificada nesta nova fase”, apelando aos trabalhadores para participarem no plenário geral de trabalhadores da TAP e da Groundforce, no dia 18 de junho.

“O Governo tenta passar a ideia de que esta privatização está feita e é irreversível mas falta a decisão do Supremo Tribunal Administrativo relativamente à providência cautelar apresentada, do Tribunal de Contas, da Assembleia da República e de Bruxelas”, lembrou a comissão de trabalhadores.

A comissão de trabalhadores acusa ainda o Governo de estar a fazer “uma campanha de propaganda” com o negócio anunciado na quinta-feira, ao tentar convencer de que a TAP não valia nada.

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“Os mesmos que passaram anos a desvalorizar a TAP, tentando convencer-nos de que a TAP não valia nada, dizem agora que a venderam por 350 milhões, mais 53 aviões, mais 10% dos dividendos para os trabalhadores”, declarou.

O secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, garantiu que a privatização da TAP é, “sob todos os pontos de vista um sucesso”, tendo a preferência pela proposta escolhida sido “unânime” a todos os assessores do Governo.

“Esta privatização é sob todos os pontos de vista, em termos financeiros, um sucesso”, considerou Sérgio Monteiro na quinta-feira, em conferência de imprensa, no final do Conselho de Ministros, referindo ainda a assunção de uma série de compromissos importantes para a companhia e para o país, como a manutenção do ‘hub’ (centro de operações) em Portugal durante pelo menos 30 anos.

Em termos financeiros, o consórcio Gateway, que integra o empresário norte-americano David Neeleman e o empresário português Humberto Pedrosa, propõe-se a pagar um valor mínimo de 354 milhões de euros pelo grupo, dos quais dez milhões são encaixe direto para o Estado e o restante sob a forma de injeção de capital na empresa.

Este montante pode subir para 488 milhões de euros, dependendo da ‘performance’ financeira da empresa ao longo de 2015, adiantou a secretária de Estado do Tesouro, Isabel Castelo Branco.

Em declarações aos jornalistas, Sérgio Monteiro considerou que “o valor de encaixe é reduzido, mas importante por comparação com a avaliação do grupo realizada por entidades independentes” que, “no cenário como está, apontavam para um valor entre os 274 milhões de euros negativos e os 512 milhões de euros negativos”.

A proposta vencedora garante “a manutenção da sede e direção em Portugal durante pelo menos dez menos, as ligações chave por um período mínimo de dez anos, o cumprimento integral de serviço público durante dez anos e a manutenção do ‘hub’ em Portugal, que é o maior atrativo de valor para a companhia, que potencia desenvolvimento económico, está assegurada por um prazo de pelo menos 30 anos”, acrescentou o governante.

Sérgio Monteiro adiantou que, “em caso de incumprimento, o contrato prevê multas diárias, o cancelamento da opção de compra e dá o direito ao Estado de fazer a reversão do negócio, o que quer dizer anular a venda se houver incumprimento destas obrigações”.