A plataforma Livre/Tempo de Avançar, que escolheu esta semana em eleições primárias abertas quem serão os seus candidatos às legislativas deste ano, vai também escolher esta sexta-feira quem será o seu candidato presidencial. Ou se será algum. Num referendo interno, a pergunta vai ser totalmente aberta: Que candidato presidencial deve o Livre/Tempo de Avançar apoiar? E a resposta, essa, poderá ser tão vaga quanto um nome que nem sequer quer ser candidato. E se isso acontecer? “Terá de ser feita a análise política da situação”, diz Rui Tavares ao Observador.

A consulta interna será feita esta sexta-feira aos cerca de 5.500 subscritores do partido Livre e do movimento cidadão Tempo de Avançar, que terão de responder ‘sim’ ou ‘não’ sobre se o movimento deve apoiar um candidato presidencial e, caso a resposta seja ‘sim’, então qual. Esta última resposta será totalmente aberta, o que pode levar a que sejam postos em cima da mesa variados nomes, desde aqueles que já tenham mostrado disponibilidade para se candidatar àqueles que não têm sequer interesse em avançar para Belém.

O nome que surge de imediato como o mais provável é António Sampaio da Nóvoa, o candidato que já está na estrada e que, ao que tudo indica, poderá vir a ser o candidato apoiado pelo PS. Sampaio da Nóvoa já participou inclusive em iniciativas do Tempo de Avançar e o seu filho, André Nóvoa, era um dos candidatos a deputado nas primárias do partido (apesar de não ter tido, no entanto, uma votação expressiva). De resto, os únicos possíveis candidatos do espetro político à esquerda que já se assumiram como tal foram o ex-deputado socialista Henrique Neto e o defensor da causa anticorrupção Paulo Morais. Carvalho da Silva chegou a ser apontado, mas já negou qualquer vontade para o fazer.

Se a personalidade mais votada não for Sampaio da Nóvoa, sobram, pois, muitos outros nomes que ainda podem estar na sombra. E sem nomes pré-definidos, o resultado do referendo interno do Livre permanece em aberto. Ao Observador, Rui Tavares relativiza o cenário em que o nome escolhido não seja um potencial interessado em concorrer, dizendo que essa é uma “leitura e uma análise política que terá de ser feita” de qualquer maneira.

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Porque uma coisa é certa, o partido ficará “comprometido com o resultado” da consulta interna, qualquer que ele seja, confirmou o fundador do Livre.

“As candidaturas presidenciais são individuais e a escolha também é individual. Toda a gente no Livre/Tempo de Avançar tem e terá sempre toda a liberdade para apoiar e participar na campanha dos candidatos que desejar, agora ou no futuro”, afirmou, escusando-se a referir qualquer preferência, e relativizando a alegada proximidade ao ex-reitor da Universidade de Lisboa, Sampaio da Nóvoa.

Ao contrário do que a generalidade dos partidos tem dito, do PCP ao PSD/CDS, – “primeiro as legislativas, depois as presidenciais” – a ideia do movimento de Rui Tavares e Ana Drago é precisamente juntar as duas frentes no mesmo eixo de combate. Porque “ambas, legislativas e presidenciais, são parte de um ponto de viragem que queremos para o país”, como disse Rui Tavares aos jornalistas à margem da apresentação dos resultados das eleições primárias do partido.

Ainda não é claro se a lista de nomes escolhidos pelos subscritores do Livre/Tempo de Avançar será divulgada na íntegra, ou se só será conhecido o nome mais votado. A consulta será feita maioritariamente online e os resultados deverão ser conhecidos no fim de semana. Quanto a Rui Tavares, por exemplo, garante que já sabe “muito bem” como vai ser o seu sentido de voto. “Tenho na minha cabeça de forma muito clara como irei votar”, disse. Mas o voto, claro, é secreto.