Canhões de água, balas de borracha e spray pimenta. Foi com estas ferramentas que a polícia turca dispersou uma multidão reunida no centro de Istambul com o objetivo de participar na marcha do orgulho gay. O encontro que estava marcado para este domingo, 28 de junho, realizou-se em anos anteriores sempre num cenário de paz — há quem considere que este é o maior evento do género realizado no mundo muçulmano.

A CNN escreve que a marcha foi interrompida porque, em 2015, o evento coincide com o mês sagrado do Ramadão, o suficiente para incomodar os muçulmanos mais conservadores. A Reuters, por seu turno, diz que as forças policiais deram ordens para que a multidão se desmobilizasse, a qual estava a reunir-se perto da Praça Taksim.

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O comité de Istambul da LGBTI escreveu no Facebook que “de repente, [a marcha] foi proibida pelo gabinete do governador de Istambul, sem qualquer anúncio, que usou o mês do Ramadão como motivo”. A marcha em questão realiza-se desde 2003 e já atraiu milhares de cidadãos às ruas num registo de celebração.

O Telegraph esclarece que muitos turcos foram para as redes sociais queixar-se da violência de que foram alvo. Apesar de a presença das forças policiais ser habitual neste tipo de eventos, nunca antes houve um ataque como o de domingo. Muitos salientaram ainda que a marcha de 2014 aconteceu durante o Ramadão e que cerca 100 mil pessoas participaram.

Apesar da homossexualidade não ser um crime na Turquia, ao contrário de outros países no mundo muçulmano, a homofobia continua a ser real e generalizada.