Cuba tornou-se esta terça-feira o primeiro país a eliminar a transmissão mãe-filho do vírus da imunodeficiência humana (VIH) e bactéria Treponema pallidum que provoca sífilis. Esta conquista foi reconhecida e validada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), conforme comunicado de imprensa da instituição.
“Eliminar a transmissão do vírus [VIH] é uma das mais importantes concretizações em termos de saúde pública”, refere Margaret Chan, diretora-geral da OMS, citada em comunicado. “Esta é uma grande vitória na nossa longa luta contra o VIH e contra as doenças sexualmente transmissíveis e um passo importante no caminho para uma geração livre de sida.”
A OMS institui um plano em 2007 para erradicar a sífilis congénita (que um indivíduo tem desde a nascença) e em 2011 outro para eliminar novas infeções em crianças até 2015. Em 2014, mais de 40 países testavam mais de 95% das grávidas para a sífilis, refere a OMS.
Em relação ao VIH, sete em cada dez mulheres grávidas seropositivas dos países de rendimentos médios e baixos recebem tratamentos antirretrovirais para evitar a transmissão aos futuros filhos.
Em 2010, a Organização Pan-Americana de Saúde (PAHO) da OMS implementou em Cuba e noutros países sul-americanos uma iniciativa para eliminar a transmissão da infeção VIH e sífilis da mãe para o filho, que pode acontecer durante a gravidez, parto ou aleitamento. Como parte desta iniciativa, Cuba apostou no acesso precoce aos cuidados de saúde pré-natal, nos testes ao VIH e sífilis nas grávidas e companheiros, no tratamento de grávidas e bebés que tenham dado resultados positivos, nos partos por cesariana e no aleitamento de substituição.
“O sucesso de Cuba demonstra que o acesso e cobertura universal de saúde é possível e são, de facto, a chave para o sucesso, mesmo contra desafios tão assustadores como o VIH”, disse Carissa Etienne, diretora da PAHO, citada no comunicado. “Esta é uma celebração para Cuba e uma celebração para as crianças e famílias em todo o lado. Mostra que acabar com a epidemia de sida é possível e esperamos que Cuba seja o primeiro de muitos países a procurar validação que confirme terem acabado com a epidemia entre as crianças”, acrescentou Michel Sidibé, diretor executivo da Unaids.