Foi histórico: a 12 de novembro de 2014, mesmo sem se conseguir fixar, o Philae, um módulo espacial, aterrava num cometa de nome esquisito, o 67P/Churyumov-Gerasimenko. A salva de palmas que se ouviu na sede da Agência Espacial Europeia foi estrondosa — era a primeira vez que uma máquina criada pelo homem conseguia aterrar num cometa. Uma vez lá, era tempo para caçar informação: captar imagens e recolher amostras do solo. Agora, oito meses passados, a Nature News divulgou os resultados, publicados pela Science, de um estudo às amostras de poeira do cometa, e a história voltou a bater à porta.

Os cientistas descobriram, na tal amostra, a presença de 16 compostos orgânicos. Alguns até são “moléculas precursoras” de micro-organismos vivos, “como proteínas, açúcares e até ADN”, revelou Guillermo Muñoz, especialista do Centro de Astrobiologia espanhol, que falou ao El País sobre a descoberta. As amostras que serviram de base para o estudo foram recolhidas pelo módulo Philae nos primeiros dois dias em que esteve fixo no cometa, até as suas baterias se descarregarem.

(“Estou entusiasmado por anunciar que os meus cientistas publicaram os primeiros resultados de todo o meu árduo trabalho no cometa 67P, em novembro último.”)

Os resultados impressionaram os investigadores. “As implicações destas medições, em particular, da homogeneidade e porosidade, vão ajudar a constranger a formação de modelos de planetesimais [corpos rochosos, ou de gelo] na nebulosa solar, por ajudarem a entender os processos de acreção [crescer]”, explicou Nicolas Altobelli, um dos cientistas que trabalha no projeto Rosetta (a sonda que libertou o Philae), via email, ao site Space.com.

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Mas nem tudo corre bem — o Philae está em silêncio e nada diz à Agência Espacial Europeia desde 9 de julho. Os cientistas esperam que, com a órbita do cometa a aproximar-se cada vez mais do sol, seja possível restabelecer a comunicação com o módulo. O problema é que, a 13 de agosto, o cometa alcançará o ponto mais próximo do sol (185 milhões de quilómetros, mais ou menos entre a órbita da Terra e Marte).

Nesse dia, o cometa, composto sobretudo por poeira e gelo, libertará grandes quantidades de vapor e pó, e os cientistas não sabem se o Philae conseguirá “sobreviver” ao fenómeno.