23 de agosto de 2005. O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NOAA) envia um aviso sobre uma depressão tropical que se havia formado nas Bahamas. Naquele momento já era um fenómeno ameaçador: foi avaliado na categoria 2 da escala com cinco lugares de Saffir-Simpson. Mas ainda não se adivinhava que subiria até ao nível mais devastador e que viria a provocar várias centenas de mortos em terreno americano, conta o site do canal História.
O nome Katrina só foi dado quando a depressão evoluiu para tempestade tropical. Já estávamos a 24 de agosto de 2005. A tempestade prosseguiu pelo mar e aproximou-se da costa da Flórida. No dia seguinte entrou em terra firme com a classificação de furacão, mas perdeu força. Os ventos de 130 quilómetros por hora abrandaram, o Katrina voltou ao nível de tempestade tropical e prometia desaparecer em breve.
Mas depois de a tempestade ter passado sobre a Flórida, o dia 27 de agosto marcaria o início do trágico percurso de Katrina. A tempestade evoluiu para categoria 3 na escala de furacões de Saffir-Simpson, já no litoral da Flórida, quando estava prestes a entrar no Golfo do México. De acordo com o NOAA, um furacão de categoria 3 causa ventos de até 208 quilómetros por hora capazes de varrer casas mais consistentes, arrancar árvores e cortar o fornecimento de água e luz durante alguns dias. “Vão ocorrer danos devastadores”, previu a agência de meteorologia norte-americana.
E ocorreram, recorda a ESA num artigo onde explica o fenómeno. Dia 28 de agosto, Katrina estava no Golfo do México com categoria 4 e ventos de 233 quilómetros por hora. Nova Orleães estava na rota do furacão que nesta altura já tinha sido considerado o terceiro mais intenso da temporada. Mas quando atingiu esta cidade norte-americana já estava no devastador nível 5, com rajadas de vento até 344 quilómetros por hora. Mississipi e Alabama também viriam a ser atingidos nos dias seguintes. Katrina apenas se dissipou por completo a 31 de agosto.
Nova Orleães ficou debaixo de água. Estima-se que 80% da cidade tenha ficado submersa porque, de acordo com os relatórios da Sociedade Americana de Engenheiros Civis, ocorreram graves falhas nos diques que protegiam a cidade, cuja parte baixa fora construída num nível inferior ao do mar. O Katrina matou mais de 1800 pessoas durante todo o desastre e destruiu milhares de infra-estruturas pelo caminho, o que obrigou o país a procurar ajuda internacional.
Feridas e triunfos
Dez anos depois, os efeitos do furacão Katrina ainda são visíveis. Nova Orleães ainda tem bem presente na memória o que então lhe aconteceu, há ainda muitas cicatrizes à vista, mas também exemplares obras de reconstrução e reordenamento. O The New York Times diz que “a cidade ainda não regressou, não como era antes”, já que foi nela que se registou o maior número de mortes. Mas “numa cidade há muito marcada pelo fatalismo, os otimistas estão hoje em ascenção”. Até porque, escreve o Wall Street Journal, “Nova Orleães tornou-se num laboratório internacional de reconstrução após um grande desastre e de criação de mecanismos eficientes alerta e emergência”.
Numa cidade a que já regressou 95% da população, foi até possível introduzir reformas que transformaram, para melhor, sectores como o da Educação: antes do Katrina era aqui que se registavam os maiores níveis de insucesso escolar do país, depois do Katrina a introdução de um sistema de “charters schools”, em que as famílias têm liberdade de escolha e as escolas um elevado grau de autonomia, tem permitido progressos sem paralelo.
É polémico dizer que Katrina foi o pior furacão a atingir os Estados Unidos. Ainda em 2005, a superpotência mundial foi de novo varrida por outros furacões devastadores (destacam-se Wilma, Dennis e Rita). E ao longo da história são vários os relatos de outros furacões que castigaram aquele país. Mas passados dez anos, as marcas do Katrina não desapareceram. Na terra e na memória. Veja quais na fotogaleria.