Depois de se ter apresentado em Portugal este ano com o grupo humorístico Porta dos Fundos e de ter estado no Festival Literário da Madeira como escritor, Gregório Duvivier regressa agora para apresentar o monólogo “Uma Noite na Lua”. O espetáculo estreia a 16 de outubro no Teatro Micaelense, nos Açores, e vai passar por uma dúzia de cidades portuguesas.

“Uma Noite na Lua” é uma peça do autor brasileiro João Falcão, pai de Clarice Falcão, com quem o ator foi casado.  Estreou nos anos 1990 e Gregório Duvivier recuperou-a em 2012, tendo feito apresentações sucessivas e muito elogiadas no Brasil. Em 2013 foi reconhecido como melhor ator pela Associação de Produtores de Teatro do Rio de Janeiro, precisamente com a peça que estreará em várias cidades portuguesas, entre as quais Vila Real, Porto, Braga, Figueira da Foz, Lisboa e Faro, de 16 a 31 de outubro. As datas e locais da digressão ainda não estão fechados (veja em baixo todas as datas confirmadas).

Em palco, Gregório Duvivier interpreta o papel de um autor sem originais. A partir da frase “um homem em cima de um palco pensando”, ele precisa construir um mundo, mas só tem uma noite para o fazer. “É um texto que emociona e faz rir ao mesmo tempo e é muito difícil quando as coisas conseguem estar nesse meio lugar, do drama e da comédia (…), porque são tidos como incompatíveis”, contou à Lusa. “É a angústia da criação e da solidão. Fala disso, de amor e de falta de amor. Todo o mundo se identifica. Todo o mundo já amou e se sentiu sozinho, foi obrigado a criar alguma coisa, a ter uma ideia”, explicou.

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Nascido numa família ligada às artes e à música, começou a estudar teatro na infância, incentivado pelos pais, porque era “muito tímido e bastante antissocial e o teatro é socializante”. “Entrei na aula aos nove e nunca mais saí (…) No momento em que eu vi o barato que era fazer rir, é viciante. Foi por isso que eu fiquei, é um processo muito prazeroso, o riso, de causar riso, e nunca mais saí e passei a perseguir isso a minha vida toda”, afirmou.

Com 29 anos, o brasileiro que toda a gente conhece como um dos fundadores e ator do grupo humorístico Porta dos Fundos já participou em 20 filmes e outros tantos programas de televisão, não só como ator mas como argumentista. E os dedos das mãos também já não chegam para contar as peças de teatro em que participou. Com apenas 22 anos publicou A partir de amanhã eu juro que a vida vai ser agora, um livro de poemas muito elogiado pela crítica.

Tambem em outubro, Gregório Duvivier vai aproveitar para promover em Portugal Desculpa lá qualquer coisinha (título provisório), segundo livro de crónicas depois de Put Some Farofa (2014), com os textos que tem vindo a publicar no jornal Folha de São Paulo. Será editado pela Tinta-da-China.

“Neste livro você vai ver muito do Brasil explicado pela minha óptica, que não é de um especialista em nada. É de um sujeito que não entende nada. Como diz o Tom Zé, “quem não está confuso é porque está mal informado”.

Esse Brasil que chega pelas crónicas, vive, no entender de Gregório Duvivier, “um momento de muito ódio”, por causa da crise de credibilidade pela governação de Dilma Rousseff e pela atuação do Partido dos Trabalhadores (de centro-esquerda).

“Ela para não cair está fazendo qualquer acordo. Está sendo chantageada para não cair e está aceitando acordo terríveis com os piores setores, os mais reaccionários, os lobistas. As pessoas queriam que ela continuasse as conquistas sociais do PT [Partido dos Trabalhadores, de Dilma] e ela governou para a direita e não ganhou a direita, porque odeia ela e não vai mudar de ideia e perdeu a esquerda, porque a esquerda se sentiu traída. Fez a proeza de desagradar a gregos e a troianos”, afirmou o autor, desiludido. Para Gregório Duvivier, talvez fosse melhor que “Dilma Rousseff renunciasse e o PT voltasse a ser oposição, do que se vender como se está vendendo”.

Datas já confirmadas:

16 Out – São Miguel Açores– Teatro Micaelense
17 Out – Gafanha da Nazaré – Centro Cultural da Gafanha da Nazaré
18 Out – Gafanha da Nazaré – Centro Cultural da Gafanha da Nazaré
20 Out – Vila Real – Teatro de Vila Real
21 Out – Braga – Theatro Circo
22 Out – Faro – Teatro das Figuras
24 Out – Caldas da Rainha – Centro Cultural das Caldas da Rainha
27 Out – Lisboa – Teatro Tivoli BBVA
28 Out – Lisboa – Teatro Tivoli BBVA
29 Out – Leiria – Teatro José Lúcio da Silva
30 Out – Figueira da Foz – Centro de Artes e Espectáculos
31 Out – Porto – Teatro Sá da Bandeira
1 Nov – Porto – Teatro Sá da Bandeira