O primeiro-ministro francês Manuel Valls disse esta segunda-feira em Calais que os migrantes devem ser tratados com dignidade, mas que é preciso distinguir entre os migrantes que procuram asilo (os refugiados) e aqueles que procuram melhores condições financeiras, “os migrantes económicos”, e que os últimos devem voltar para os seus países, diz a Bloomberg. A 14 de setembro, os ministros do Interior da União Europeia vão participar numa cimeira especial sobre a crise migratória.
“Todas as pessoas que chegam [à Europa] devem ser tratadas com dignidade, quer procurem asilo ou oportunidades económicas, mas temos de ser firmes contra a imigração ilegal, que não podemos confundir com refugiados”, referiu.
Em conferência de imprensa, Manuel Valls disse que a crise de migrantes na Europa vai durar “muito tempo”, que é preciso que haja maior harmonia nos procedimentos que compreendem o asilo dos migrantes, maior partilha dos encargos e maior coordenação entre a União Europeia e os seus Estados-membros. E vai fazer nascer um campo de refugiados em solo europeu para ajudar a controlar a crise.
O primeiro-ministro francês está em visita oficial a Calais, juntamente com o ministro do Interior Bernard Cazeneuve, o comissário europeu para a Migração Dimitris Avramopoulos e o vice-presidente da Comissão Europeia Frans Timmermans, segundo a Bloomberg.
O vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, afirmou que é preciso desenvolver um mecanismo permanente que resolva a deslocalização dos refugiados. Bem como “políticas mais corajosas” e solidariedade em matéria de imigração.
“É hora de os Estados-membros compreenderem que a adoção de medidas corajosas e a expressão da solidariedade no terreno é do seu interesse”, referiu Frans Timmermans.
A visita foi marcada no início do mês, aquando da assinatura do acordo de segurança franco-britânico que prevê medidas adicionais para combater a imigração ilegal, como mais vedações, videovigilância, tecnologia que recorre a infravermelhos e projetores.
Na terça-feira, a Comissão Europeia anunciou que vai disponibilizar 20 milhões de euros para a França gerir a crise migratória em Calais. Antes, já tinha aprovado um fundo de 27 milhões de euros para o Reino Unido. Estes dois novos montantes juntam-se aos 266 milhões de euros já disponibilizados pelo Fundo de Asilo, Imigração e Integração para França e aos 370 milhões reservados para o Reino Unido até 2020.
Estima-se que estejam acampados cerca de 3.500 migrantes em Calais e que tenham entrado 340 mil migrantes ilegais no espaço Schengen da União Europeia (onde a livre circulação de pessoas é permitida) nos últimos seis meses. Na conferência de imprensa desta segunda-feira, Valls disse que “Schengen não se tratava apenas de eliminar fronteiras internas, mas também de fortalecer as exteriores”.