A sonda Rosetta, num projeto ambicioso da Agência Espacial Internacional (ESA), foi lançada para o espaço em 2004. Quatro voltas ao Sol, um sono profundo, 10 anos e milhares de milhões de quilómetros, foi o que Rosetta precisou para chegar ao cometa carinhosamente chamado de Chury (67P/Churyumov-Gerasimenko) em agosto de 2014 (como pode ver aqui). Meses depois, em novembro, o enviado especial – o robô Philae – pousou, com alguns percalços, na superfície do cometa.
A Euronews resume a história desta aventura em cerca de seis minutos (entre o minuto 1:25 e 7:10), com os testemunhos e emoções de quem trabalhou nesta missão.
Batiam-se dois recordes humanos: a primeira vez que uma sonda orbitava um cometa e a primeira vez que se fazia pousar um objeto humano num cometa. Os feitos foram importantes, mas ainda mais relevante é a quantidade de informação que a Rosetta e o Philae já conseguiram recolher na proximidade ou na superfície do cometa. Afinal, os cometas podem ter a chave para a origem da vida, podem conter informação da formação do universo e podem trazer “novidades” dos locais profundos do sistema solar onde nenhuma sonda humana conseguiu (por enquanto) chegar.
O cometa Churyumov-Gerasimenko tem uma órbita de seis anos e meio e atingiu recentemente o periélio – o ponto mais próximo do Sol. Como o cometa ia passar a apenas 186 milhões de quilómetros do astro-rei, Rosetta afastou-se para uma distância segura, a 30o quilómetros de Chury, para evitar os jatos de gases e partículas que vão derretendo no cometa com o aumento da temperatura. Apesar dos perigos dos jatos, estes estão carregados de informação sobre a composição do cometa, informação muito valiosa.
Mas a proximidade do Sol pode ter trazido outras vantagens. Esta pode ter sido a melhor oportunidade de Philae expôr os painéis para carregar as baterias. Ter ficado na sombra de um “penhasco” fez com que o robô “adormecesse” muito mais cedo do que esperado. Agora, assim que Rosetta se puder aproximar de Chury outra vez, tentará restabelecer contacto com o seu companheiro.
“Quando o cometa estiver mais calmo, com menos poeira no coma [a nuvem de poeiras e gases que o envolvem], isto significa que a órbita [da Rosetta] pode aproximar-se do cometa outra vez e isto vai aumentar as nossas hipóteses de restabelecer as comunicações com o robô”, explica Stephan Ulamec, o responsável do Centro de Controlo do Philae Lander, em Colónia, na Alemanha. “Claro que sonhamos com o momento de restabelecer o contacto e recolher mais dados científicos. Por exemplo imagens que nos permitam ver a diferença no terreno entre novembro passado e o momento após o periélio.”
A missão, que foi extendida até setembro de 2016, não contará só com as contribuições que Philae ainda poderá vir a dar, mas tentará recolher todos os dados possíveis. A missão terminará quando Rosetta descansar finalmente sobre o cometa que perseguiu durante tanto tempo. “Nas últimas semanas da missão tencionamos efetuar uma descida em espiral para a superfície do cometa, esperamos conseguir voar até uma distância curta, digamos 10 quilómetros, onde poderemos ter imagens espetaculares de curta distância e, por fim, fazer a Rosetta pousar, ou aterrar (se quiser) ou cair na superfície do cometa”, diz o diretor do voo, Andrea Accomazzo.