A Direção-Geral de Saúde (DGS) está a ponderar deixar de vacinar todos os bebés contra a tuberculose, medida que tem a aprovação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e que já foi tomada pela maior parte dos países europeus. O objetivo é tentar ajudar a resolver a falta de vacinas da BCG. Existem, neste momento, 20 a 30 mil bebés que ainda não foram vacinados em Portugal.

Graça Freitas, subdiretora-geral de Saúde, afirmou, em declarações ao Diário de Notícias, que esta hipótese “vai ser avaliada já na próxima reunião”, que deverá decorrer ainda este mês, e admite que esta é uma solução “viável” e que não coloca em risco a saúde pública. Graça Freitas explicou ainda que, na semana passada, saiu uma recomendação da OMS para que se vacinassem apenas aqueles que estivessem em grupos de risco, ou seja, idosos e populações de locais onde se registam mais casos de tuberculose. Perante a escassez mundial, a retirada deste tipo de vacina do Programa Nacional de Vacinação seria uma medida que deixaria a vacina “disponível para as pessoas que mais precisam”.

A OMS recomenda que, nos países onde a incidência é baixa (abaixo de 20 casos 100 mil habitantes), a vacinação seja feita apenas para grupos de risco nomeadamente os idosos e pessoas que vivem em locais onde se registam mais casos. Este é o caso de Portugal. Até ao ano passado, Portugal era o único país da Europa que ainda estava acima dos 20 casos por cada cem mil de habitantes, mas em abril deste ano a DGS anunciou que, pela primeira vez, Portugal tinha baixado dessa fasquia: registou 18,7 casos, contanto 1.940 no total.

A subdiretora-geral de Saúde explica, ainda, que “na Europa há apenas três países que ainda dão a vacina de forma universal: além de Portugal, também a Espanha e a Grécia.”

Ao DN o pneumologista Filipe Froes explicou que não há riscos com esta medida, porque a taxa de vacinação ainda é grande (95%) e porque há “muitos poucos casos de tuberculose”. O médico acrescentou que a vacina tem utilidade sobretudo para prevenir casos mais graves e em países com alta taxa de incidência.

De referir, ainda, que a península de Setúbal, a Grande Lisboa e Porto são as regiões portuguesas com maior incidência. Na década de 60, em Portugal ainda havia cerca de 200 casos por cada cem mil habitantes. Dez vezes mais do que o número registado atualmente.

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