O chefe dos serviços secretos britânicos MI5 alertou hoje que os avanços tecnológicos estão a permitir que as comunicações entre terroristas fiquem fora do alcance das autoridades e defende mesmo que as empresas que gerem estes serviços têm a “responsabilidade ética” de alertar as autoridades para potenciais ameaças.

Numa entrevista inédita da parte de um alto responsável das secretas britânicas (o MI5 é o braço doméstico das secretas britânicas, o MI6 o braço internacional), Andrew Parker avisa que os serviços secretos podem não conseguir informação crucial para parar atentados terroristas.

Andrew Parker explica que o nível de encriptação de dados usado nos novos serviços, como as redes sociais, impede as autoridades de aceder a informação crítica, mesmo quando têm autorização judicial para o fazer.

“Não é do interesse de ninguém que os terroristas possam comunicar e conspirar fora do alcance das autoridades”, disse em entrevista à BBC.

Por isso mesmo, defende, as próprias empresas devem tomar a iniciativa de passar informações às autoridades, uma questão polémica, especialmente após as reações ao escândalo de escutas da agência de segurança norte-americana NSA revelada por Edward Snowden, que tinha a participação de várias empresas, em especial redes sociais e empresas de telecomunicações.

A pressão para ter mais poderes surge numa altura em que o governo e o parlamento britânico estão a preparar nova legislação relativa à vigilância eletrónica. O chefe do MI5 diz que o que deve integrar a nova lei é uma questão do Parlamento e não dos serviços secretos, apesar de surgir em público a pedir mais poderes para a agência que lidera.

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