Mesmo sem o apoio do Partido Socialista, Sampaio da Nóvoa vai manter-se na corrida para Belém. “Tendo em conta o resultado das eleições legislativas, ficou mais clara do que nunca a urgência desta candidatura”. E se dúvidas ainda restassem, o ex-reitor fez questão de desfazê-las: “Não estou dependente de nada, nem de ninguém”.

A decisão de manter-se na corrida presidencial foi confirmada esta quinta-feira, numa conferência de imprensa na sede da candidatura. O antigo reitor começou por criticar o facto de Cavaco Silva ter-se dirigido ao país ainda antes de serem conhecidos os resultados eleitorais e antes de ter ouvido todos os partidos. “Eu teria agido de modo diferente”, garantiu.

Para Sampaio da Nóvoa, a “interpretação” dos resultados eleitorais é “clara”. “Os portugueses manifestaram a vontade de, prudentemente, virar a página da austeridade”, mas também “um desejo de continuidade na relação com a Europa, ainda que com o reforço da nossa autonomia no seio das instituições europeias”.

Com exemplo de Cavaco Silva presente, Sampaio da Nóvoa explicou o porquê de a sua candidatura fazer mais sentido do que “nunca”. “Agora é mesmo necessária uma candidatura independente, um Presidente que interprete, com isenção, a vontade popular. Um Presidente deve estar acima dos partidos, e não lhes deve impor a sua vontade. Deve ser um árbitro, e não árbitro e jogador ao mesmo tempo”. Um Presidente “que não exclua ninguém”, que “não esteja refém de interesses particulares ou de lógicas partidárias” e um “presidente capaz de acolher e de apoiar as alianças necessárias à estabilidade governativa. Um Presidente sem preconceitos e sem tabus”, acrescentou.

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O antigo reitor da Universidade de Lisboa partiu para a corrida a Belém a 29 de abril. Na altura, como revelou mais tarde, contou com o apoio, ainda que informal, de António Costa e da direção do PS. Daí para cá, Sampaio da Nóvoa tem afirmado várias vezes que a sua candidatura era independente e não dependia do apoio de nenhum partido. Esta quinta-feira, não foi diferente.

“Apresentei a minha candidatura há mais de cinco meses. Em nome da cidadania. Não esperei pelo apoio de nenhum partido para a lançar. Não estou dependente de nada, nem de ninguém, apenas dos portugueses e das portuguesas que queiram juntar-se a esta causa”, começou por dizer Nóvoa, para logo acrescentar: “Todos são bem-vindos: cidadãos, grupos, movimentos sociais e partidos políticos”.

No dia em que o PCP apresentou Edgar Silva como candidato presidencial e a poucos dias de Maria de Belém formalizar a candidatura às eleições presidenciais, Sampaio da Nóvoa fez questão de destacar as “palavras de incentivo” que tem recebido “de todo o país” e de lembrar o apoio manifestado pelos três ex-Presidentes da República, Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio.

Por isso, o antigo reitor da Universidade de Lisboa deixou claro que a sua decisão é irrevogável: “Podemos renunciar a tudo, mas nunca aos nossos ideais, à nossa palavra, à nossa consciência. Juntos, vamos mostrar que, quando os portugueses querem, o país acorda, avança, é capaz de abrir novos futuros. Não quero nada para mim, mas estou disposto a dar tudo”.