Manuel Carvalho da Silva, que chegou a ser apontado como possível candidato presidencial, acredita que a esquerda, sobretudo o PS, depois de ter perdido as legislativas, arrisca-se a entregar a chave de Belém à direita. Seria uma “perda monumental”, defendeu o ex-líder da CGTP.

Em entrevista à Rádio Renascença, Carvalho da Silva traçou um cenário pouco animador para a esquerda. “O cenário que está aí é um cenário desastroso de a esquerda se preparar para oferecer por três vezes consecutivas a Presidência da República à direita. É uma perda monumental”.

A candidatura do ex-secretário-geral da CGTP às eleições presidenciais chegou a ser equacionada pelo próprio e parecia ganhar força à esquerda, mas Carvalho da Silva acabou por desistir da ideia ainda em maio – com Sampaio da Nóvoa na corrida, havia pouco espaço para ganhar balanço para Belém.

Ora, de maio para cá, muita coisa mudou. Sampaio da Nóvoa manteve-se, é certo, mas Maria de Belém avançou e Marcelo Rebelo de Sousa desfez o tabu. O professor deverá contar com o apoio da coligação e parece ser o grande favorito para vencer as eleições presidenciais. E, nesse ponto, Carvalho da Silva não tem dúvidas: existem “poderes fortes da sociedade portuguesa” que andaram a “durante anos a trabalhar a candidatura do professor Marcelo Rebelo de Sousa”, que agora parece ter o caminho aberto para Belém.

Mas, apesar de difícil, ainda nada está perdido, defende Carvalho da Silva. “Não estou a reconhecer qualquer vitória como inevitável. Nem de perto nem de longe. Há uma maioria social e sociológica de esquerda. É uma questão de se organizar. Estamos a três meses e meio das presidenciais. Neste momento essa organização não está no terreno”.

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