Tinha 81 anos e só os mais novos não se lembrarão dele. O chef Silva morreu hoje, vítima de doença prolongada. Era conhecido da maioria dos portugueses por ter entrado em muitos programas de culinária da televisão. O funeral é esta quinta-feira, às 17h30, na Igreja Paroquial de São Tiago de Caldelas, concelho de Amares, de onde nasceu.

Foi com a revista TeleCulinária, que fundou, que António da Silva ganhou mais protagonismo. O chef sempre gostou de comunicação e daí até entrar para a televisão foi um pequeno passo: chega à RTP em 1975 e, desde esse ano, participou em vários programas, entrando casas portuguesas adentro para ensinar novos sabores às famílias.

Nasceu na Vila Termal de Caldelas, em Amares, filho de camponeses pelo lado da mãe, e da conceituada família Vinhas na terra, pelo lado do pai. Mas aos 18 anos faz as malas e decide mudar-se para Lisboa.

Trabalha primeiro no Turim Atlântico Hotel, para ir mais tarde para a cozinha do Hotel Império. Mas a capital portuguesa não lhe chegou e, aos 24 anos, segue para Moçambique. Em Maputo, torna-se chef de cozinha do Hotel Girassol, do Hotel Xai-Xai e até do restaurante do aeroporto da cidade.

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Mas as raízes falaram mais alto e António da Silva quis voltas às origens. Quando regressa a Lisboa, fica no Hotel Avenida Palace e torna-se professor e aluno ao mesmo tempo: começa a dar aulas na Obra das Mães e no Instituto Culinário Vaqueiro, e entra para a Escola de Hotelaria de Lisboa, onde acaba o curso com distinção.

Daí, segue para o restaurante Grill do Hotel Altis, como chef, para mais tarde também agarrar a carreira de diretor de produção na Eurest Portugal. É por esta altura que inaugura o restaurante Super Chefe, em Lisboa.

Além de diretor da revista TeleCulinária que fundou, é autor de vários livros arrumados em muitas prateleiras das casas portuguesas. Entre eles, “Petiscos e Patuscadas” (2002), “Sabores Além-Mar” (2002), “Bacalhau à Portuguesa” (2003) ou “Bolos e Doces à Chefe Silva” (2004).

Foi ainda fundador e presidente da Associação e Cozinheiros e Pasteleiros de Portugal e membro honorário da Academia de Bacalhau em Nova Jérsia.

Em 2004, chega a ser homenageado pela Câmara Municipal de Amares: a vila de Caldelas, onde nasceu, tem uma placa toponímica com o seu nome.

“O cozinheiro era um grande apaixonado pela terra. Teve sempre um amor incondicional pela terra Natal, falando frequentemente dela nos programas de televisão”, recorda à Lusa José Almeida, presidente da União das Freguesias de Caldelas, Sequeiras e Paranhos, referindo que o chef Silva regressava a Caldelas periodicamente, exceto “nesta fase final em que tinha problemas de saúde”.