Nas vésperas da estreia de “007 Spectre”, o mais recente capítulo da saga James Bond, o Observador organiza a eleição mais importante do ano. Esqueça as legislativas: aqui, quem ficar em primeiro lugar ganha mesmo. Todos os votos contam e todos os votos são úteis. Neste artigo, relembramos cada um dos seis atores que já representaram o papel. Para cada um, de Sean Connery a Daniel Craig, escolhemos um vilão de pôr os nervos em franja, uma Bond Girl inesquecível, uma música marcante, um carro que todos gostaríamos de ter e, claro, uma arma-engenhoca criada pela mente brilhante de Q (veja-os também nas fotogalerias).
Tudo somado, é você quem decide: qual é o melhor James Bond da história? Só precisa de fazer a sua escolha no espaço que está no final deste artigo. Mas despache-se: tem 24 horas para votar. Sexta-feira, dia 23, às 16 horas, fecham as urnas e divulgamos os resultados.
Sean Connery (1962 – 1971)
Estreou o James Bond do cinema. O que muitos não saberão é que não foi ele o primeiro ator a dar corpo ao personagem criado pelo escritor Ian Fleming. Essa honra pertence a Barry Nelson — sim, o James Bond começou por ser norte-americano –, na primeira adaptação de um livro da série para televisão, em 1954. Mas voltemos ao cinema. Sir Sean Connery protagonizou o filme, “Dr. No”, o primeiro passo de James Bond no caminho para se tornar no mais famoso agente secreto do mundo.
Foi também Sean Connery a inaugurar a já longa lista de Bond Girls, Honey Ryder, cuja imagem de biquíni a sair da água é inesquecível. Ao todo, Sean Connery fez seis filmes, entre os quais “Ordem Para Matar”, “Só Se Vive Duas Vezes” e, claro, o icónico “Contra Goldfinger”.
Vilão: Auric Goldfinger
Bond Girl: Honey Ryder
Música: “Goldfinger” (Shirley Bassey)
Gadget: Jetpack (uma espécie de propulsor a jato)
Carro: Aston Martin DB5
George Lazenby (1969)
Entre a saída de Sean Connery e a entrada em cena de Roger Moore há um ‘intruso’ chamado George Lazenby, de que muitos não se lembram na hora de contabilizar quantos atores já deram vida a James Bond. Em 1969, na sequência do desejo de Sean Connery de abandonar o projeto, o australiano tornou-se no segundo 007 da história do cinema, ao protagonizar “Ao Serviço De Sua Majestade”.
Após as filmagens, correram rumores de que a relação com o realizador Peter R. Hunt não correu bem. O que também não correu bem foi a forma como os fãs da saga receberam o novo agente secreto, embora o filme apareça em vários top 10 dos melhores filmes do personagem criado por Ian Fleming. Resta-lhe esse consolo, e o de ter sido o único a casar-se por amor com uma Bond Girl, Tracy di Vicenzo. Embora seja preciso lembrar que fica viúvo logo a seguir.
E apesar da passagem fugaz pelo papel, os portugueses recordarão sempre George Lazenby como o Bond que filmou no Palácio Estoril Hotel, junto ao Casino Estoril, e na Serra da Arrábida, precisamente o local onde agente secreto perde a sua amada.
Vilão: Number One / Ernst Stavro Blofeld
Bond Girl: Tracy di Vicenzo
Música: “On Her Majesty’s Secret Service” (John Barry)
Gadget: Fibra de algodão que se aplica na roupa do suspeito e que permite segui-lo
Carro: Aston Martin DBS
Roger Moore (1973 – 1985)
Depois da experiência com Lazenby, Sean Connery ainda voltou para um último filme, “Os Diamantes São Eternos”, em 1971 (descontando o filme especial “Nunca Mais Digas Nunca”, de 1983, que não entra na contagem oficial da saga). Para terceiro James Bond foi escolhido um britânico chamado Roger Moore. Mal sabia ele que se tornaria no 007 com mais filmes de sempre, sete, entre os quais “Vive e Deixa Morrer”, “Agente Irresistível” e “Operação Tentáculo”.
Na altura do último filme, “Alvo em Movimento”, Moore já tinha 57 anos e menos agilidade para tornar o papel credível. A sueca Mary Stavin, que interpretou a Bond Girl Kimberley Jones, tinha 27 anos. Mais tarde, o ator disse ter ficado algo chocado quando descobriu que era mais velho do que a mãe da jovem.
Foram muitos os desafios que Sir Roger Moore teve de enfrentar, com destaque para Jaws, que nem sequer era o bandido líder, mas que fez tão bem a sua parte que o trouxeram de volta para um segundo filme. Mas vale a pena lembrar um vilão em especial: Scaramanga, no filme “O Homem da Pistola Dourada”. Christopher Lee sempre deu um bom vilão.
Vilão: Jaws
Bond Girl: Major Anya Amasova
Música: “Live And Let Die” (Paul McCartney, The Wings)
Gadget: Cigarreira e isqueiro que permitem ler microfilmes
Carro: Lotus Esprit
Timothy Dalton (1987 – 1989)
Dois filmes separam o icónico Roger Moore do sedutor Pierce Brosnan. No meio está Timothy Dalton, britânico na altura com 40 anos que garantia o rejuvenescimento necessário. E equilibrado: Dalton já tinha sido convidado no início dos anos 70 para substituir Sean Connery, mas recusara. Não só por achar que o famoso agente dos serviços secretos britânicos não deveria ter 25 anos, mas também por não se sentir à altura de suceder a Sir Sean Connery.
Timothy Dalton estreou-se com “Risco Imediato” em 1987 e reformou o 007 que havia em si dois anos depois, com “Licença Para Matar” (no qual teve de enfrentar Dario, um vilão tão convincente quanto Benício del Toro consegue ser, ou seja, muito). Deveria ter feito um terceiro filme mas, devido a atrasos por questões legais, o ator decidiu deixar as Bond Girls, as engenhocas, os bons fatos e os carros de lado para sempre.
Vilão: Dario
Bond Girl: Pam Bouvier
Música: “The Living Daylights” (a-Ha)
Gadget: Super câmara de filmar com armas incorporadas
Carro: Aston Martin V8 Vantage
Pierce Brosnan (1995 – 2002)
E ao 17.º filme, eis Pierce Brosnan, para matar (no sentido figurado) as saudades dos fãs, que já não viam um novo filme de James Bond há seis anos. Pela primeira vez, um filme da saga chegava aos cinemas depois da queda do Muro de Berlim e do fim da União Soviética, sempre um inimigo muito presente ao longo da carreira de 007.
O perfil de Pierce Brosnan encaixou bem na imagem do famoso agente secreto do MI6, começando com “GoldenEye”, passando por “O Amanhã Nunca Morre”, “O Mundo Não Acaba” e terminando em 2002 com “Morre Noutro Dia”. Com uma curiosidade: o personagem pode só ter casado uma vez ao longo da saga (com a Bond Girl Tracy di Vincenzo, em 1969), mas Brosnan casou na vida real com Cassandra Harris, a Bond Girl Lisl von Schlaf da era Roger Moore.
O contrato de quatro filmes com o ator irlandês não foi renovado e a procura por uma nova cara recomeçou.
Vilão: Alec Trevelyan (006)
Bond Girl: Jinx
Música: “Tomorrow Never Dies” (Sheryl Crow)
Gadget: Relógio com laser
Carro: BMW Z8
Daniel Craig (2006 – 2015)
Em quatro anos, James Bond passou de moreno a ruivo. Aos 38 anos, o britânico Daniel Craig foi escolhido para ser o sexto agente 007 no cinema. Mas a cor do cabelo não é a única grande mudança. Depois do último filme de Pierce Brosnan, a saga voltou atrás no tempo, até ao início da carreira do agente secreto, com “Casino Royale”. Um recomeço que continuou com “Quantum of Solace” em 2008, “Skyfall” em 2012 e, finalmente, o aguardado “Spectre”, cuja estreia em Portugal acontece a 5 de novembro.
Não se sabe se Daniel Craig continuará a interpretar o agente que protege o Reino Unido das ameaças internacionais. O ator disse que o contrato prevê mais um capítulo, mas já se discutem os próximos nomes.
Vilão: Le Chiffre
Bond Girl: Camille Montes
Música: “Skyfall” (Adele)
Gadget: Telemóvel salva-vidas
Carro: Aston Martin DBS V12
Agora, resta fazer uma revisão de 53 anos de idas ao cinema ou de sessões caseiras a acompanhar as aventuras de James Bond e escolher qual deles desempenhou melhor um dos personagens de ação mais cobiçados do planeta.