Já este ano se descobriu que a bactéria causadora da peste negra, Yersinia pestis, começou por desenvolver pneumonias e só mais tarde se desenvolveu para se tornar altamente infecciosa e mortal. Mas há quanto tempo esta bactéria anda por cá? Existem registos de pestes resultantes da sua evolução que datam dos anos 500 d.C, mas a bactéria mortífera pode andar por cá há muito mais tempo do que se pensava.
Algumas amostras de ADN, retiradas de dentes de sete corpos, continham registos da infeção na Idade do Bronze (3150 a.C até 2686 a.C). Para além disto, estas amostras mostram que as bactérias eram incapazes, nesta altura, de provocar a peste bubónica ou de ser transmitidas pelas pulgas, o que veio a acontecer mais tarde, avança a BBC.
Existem três registos de três grandes pandemias deste tipo de peste: a primeira, no ano 541, denominada praga de Justiniano e que matou cerca de 25 milhões de pessoas; a peste negra dizimou metade da população europeia e pode ter tido início na China por volta do ano de 1334; por último, a praga moderna pode ter começado em 1860 na China e tirou a vida a 10 milhões de pessoas. No entanto, existem ainda relatos de pragas anteriores, como a praga de Atenas no ano 430 a.C.
Mas, e para colocar um ponto final na discussão sobre o aparecimento destas bactérias, cientistas da Universidade de Copenhaga, analisaram 101 esqueletos com milhares de anos de idade. E os dentes de sete desses corpos, originários da Europa Ocidental e da Ásia Central, possuíam registos reais da presença da bactéria Yersinia pestis. A tal que provoca o aparecimento das referidas pragas. E o esqueleto mais antigo tinha uma idade a rondar os 5700 anos.
Os resultados desta análise, publicados no jornal Cell, mostram, no entanto, que a bactéria não tinha alguns dos traços que causaram a morte de milhões de pessoas por todo o mundo. Ou seja, nos seus primórdios, esta infeção causava algumas formas pneumonias e septicemias, que, por sua vez, podiam ser fatais, e eram transmissíveis através da tosse. Por isso, e ao analisar o código genético da bactéria, os investigadores calculam que a praga evoluiu para a sua forma mais letal por volta do ano 1000 d.C.
Um dos investigadores envolvidos na pesquisa, o professor Eske Willerslev afirmou, em declarações à BBC que “mostrámos que a praga generalizou-se 2 mil anos antes do que era normalmente pensado.” Willerslev classifica esta conclusão como “super fascinante”.
Apesar da sua antiguidade esta pandemia ainda anda por aí. A denominada peste bubónica tem atacado principalmente em África, mas os Estados Unidos da América também já registaram alguns casos da doença.