Conhece alguém pela primeira vez e tem de decidir: aperto de mão ou arriscar um beijo na bochecha? Demasiado contacto físico? A verdade é que este parece uma espécie de dilema social, já que na maioria das vezes que temos um estranho à nossa frente não sabemos muito bem como agir. Mas uma nova pesquisa de Oxford, publicada na National Academy of Sciences, concluiu que a “prática do cuidado” é a melhor forma de colocar as pessoas à vontade, segundo o Telegraph.
Num dos maiores estudos realizados sobre o contacto físico, as conclusões são que a maioria das pessoas tem muitas reticências a ser tocada por estranhos. Tornou-se moda cumprimentar as novas amizades com um beijo, ou dois, em ambas faces, mas o novo estudo de Oxford revela que as pessoas se sentem realmente perturbadas com um tão elevado nível de intimidade com um estranho.
O psicólogo que liderou o estudo, Robin Dunbar, revelou que apesar da atitude das pessoas se beijarem num primeiro encontro poder ser socialmente aceitável, elas utilizam uma manobra para tornar a situação menos desconfortável. “A maioria das pessoas coloca a mão no braço da outra pessoa como um mecanismo de travagem antes do beijo e para que a outra pessoa perceba que eles não estão prestes a mordê-los”, disse Robin Dunbar. “Se nos lançarmos simplesmente para as pessoas elas vão ficar assustadas”, acrescentou.
O psicólogo explica que interpretamos o toque consoante o contexto da relação que estabelecemos com as pessoas e com as emoções que elas nos transmitem, esclarecendo que podemos perceber um toque de um parente ou amigo como um gesto reconfortante, enquanto o mesmo toque de um estranho pode ser indesejável. “Eu acho que beijar um estranho no rosto ainda colocaria um grande número de pessoas numa situação desconfortável. Mas como a vida moderna se tornou tão convencional, um aperto de mão já não parece excessivamente familiar, especialmente se a pessoa tiver sido introduzida por um amigo”, disse.
Para descobrir que tipo de toque as pessoas consideravam aceitável, os investigadores de Oxford e da Finlândia Aalto University perguntaram a mais de 1300 homens e mulheres, de cinco países, as áreas do corpo que permitiam que fossem tocadas, desde um amigo até a um estranho.
Alguns resultados foram pouco surpreendentes, como por exemplo a conclusão de que as mulheres se sentem geralmente mais confortáveis a ser tocadas do que os homens. Apesar disso, o estudo apresentou resultados mais inesperados, como por exemplo o facto de os homens preferirem ser tocados nos órgãos genitais por uma conhecida casual do sexo feminino, do que pela sua própria mãe. Ao contrário, para as mulheres seria completamente inaceitável serem tocadas intimamente por alguém que não fosse o seu parceiro ou a sua mãe. Inesperadamente os italianos mostraram-se mais desconfortáveis ao toque do que os russos e, globalmente, os finlandeses foram os que se mostraram mais confortáveis com o toque.
“Mesmo na era das comunicações móveis o toque ainda é importante para estabelecer e manter os laços entre as pessoas”, afirmou o psicólogo.
Uma especialista de etiqueta da Debrett, Lucy Hume, contactada pelo Telegraph, explicou que o gesto mais adequado para cumprimentar um desconhecido é o aperto de mão, que nunca é visto como rude e que não fará ninguém sentir-se desconfortável.
“O beijo social, embora cada vez mais entendido como o aperto de mão tradicional, não é adequado em todas as situações e em geral ele só deve ser usado entre amigos, num primeiro encontro”, disse a especialista.
A investigadora Julia Suvilehto da Universidade de Aalto reitera que os resultados indicaram que o toque é um dos mais importantes meios de manter relacionamentos sociais, sendo que o mapa que define a aceitabilidade do toque está intimamente ligado à emoção causada por ele.