Fernando Ulrich garante que encara “com tranquilidade e normalidade” o impasse político em que o país vive desde as eleições de 4 de outubro. Não querendo fazer comentários que possam ser interpretados como “críticas ou pressão”, o presidente do BPI diz que “os portugueses votaram e agora cabe aos políticos eleitos entenderem-se sobre o que acontece a seguir”. Ulrich demarca-se da “dramatização” e diz que Portugal em comum com Cuba “só tem as praias ótimas”.

O presidente executivo do BPI fez estas declarações por ocasião dos resultados trimestrais apresentados esta quarta-feira pelo banco.

Ulrich olha para o impasse como “normal”. “Tivemos eleições e agora é o tempo dos políticos. Compete ao Presidente da República e aos partidos políticos cumprirem a Constituição e darem os passos seguintes”

“Vivo isto com uma grande tranquilidade”, diz Fernando Ulrich. “Estamos em Democracia há 40 anos, já é tempo de nos consciencializarmos de que temos uma democracia adulta”.

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O presidente do BPI nota que “a última coisa que queria era fazer algum comentário que pudesse ser mal interpretado, como se criticasse o voto das pessoas, o que seria idiota da minha parte, ou como se estivesse a colocar pressão sobre quem tem responsabilidades” num sentido ou no outro.

“É a vida. É a democracia”

“Eu entendo que é bom ao longo do tempo numa democracia madura e adulta que toda a população se sinta representada”, afirmou o presidente do BPI. “É a vida. É a democracia. Penso que isso ajuda a construir uma sociedade mais equilibrada”, diz Fernando Ulrich.

O presidente do BPI tem “uma grande confiança em Portugal e nos portugueses”. “Já em muitas ocasiões, apesar das divergências que temos, temos dado grandes provas de adaptação, esforço e capacidade de ultrapassar desafios difíceis”.

Ulrich salientou, em alusão à crise económica, que “o país está melhor, as contas estão melhores, o desemprego está mais baixo”. O presidente do BPI diz-se “tranquilo que o que quer se seja que aconteça proximamente venha na mesma linha de estabilidade e de entendimento entre os portugueses”.

Faria de Oliveira: Governo deve “garantir a estabilidade” da banca

Também o presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) defendeu hoje que o novo Governo, seja ele de esquerda ou de direita, deve “garantir a estabilidade do sistema bancário” e não pode ser “hostil à banca, designadamente à privada”. O antigo líder da Caixa Geral de Depósitos acrescentou que o Governo “tem a obrigação de procurar encontrar as soluções que mais contribuam (…) para o progresso, para mais crescimento e melhores condições de vida dos portugueses”.

As declarações de Fernando Faria de Oliveira foram efetuadas aos jornalistas no final da conferência “Sector Bancário Português: a Supervisão e a Regulação. Que regras para uma efectiva estabilização do sistema financeiro e a recuperação da sua credibilidade”, organizada pelo aniversário da UGT.

“Independentemente do Governo, creio que o que mais desejamos é que o Governo governe bem, que actue de maneira a poder contribuir para que Portugal progrida, se aproxime mais dos países do centro da Europa, e não ande para trás, para se tornar numa curva da Europa”, sustentou o presidente da APB. “Ainda temos muitas vulnerabilidades no país, temos que prosseguir o caminho do crescimento mantendo os nossos compromissos internacionais, é indiscutível que o temos que fazer. Desde que isso esteja assegurado, como português, o que desejo é que o próximo Governo nos governe o melhor possível”, acrescentou Faria de Oliveira.