O novo Governo tomou posse esta sexta-feira, mas Pedro Passos Coelho já está a preparar-se para os próximos combates eleitorais. O líder social-democrata deverá convocar um congresso para depois das eleições presidenciais e, tudo indica, pode estar a cozinhar uma recandidatura à liderança do partido. E isto, mesmo contando com a queda do seu Executivo no Parlamento.
Se a “morte anunciada” deste Executivo se confirmar, PSD e CDS vão assumir as despesas da oposição perante um Governo socialista apoiado por Bloco de Esquerda e PCP. Com isto em mente, Passos Coelho poderá não estar disposto a atirar a toalha ao chão e continuar na liderança do partido para fazer marcação cerrada aos socialistas.
Ora, seria a primeira vez, no passado recente da política portuguesa, que um primeiro-ministro deixava o cargo e continuava à frente do partido como líder da oposição. Mas na cabeça de sociais-democratas (e centristas) está a esperança de que este Governo que se desenha liderado por António Costa não sobreviva aos quatro anos da legislatura.
Se os astros se alinharem como PSD e CDS desejam, pode repetir-se o efeito “Cavaco Silva”: em 1985, o agora Presidente da República liderava um governo minoritário que cairia dois anos depois, por entre muitas críticas à oposição socialista – Cavaco Silva chegou mesmo a dizer que o PS não o deixava governar. Nas eleições antecipadas de 1987, o social-democrata viria a conseguir a primeira maioria absoluta da história do PSD.
Com isto em mente, Passos Coelho vai querer estar na linha da frente para um eventual segundo round com António Costa. E aí, conseguir uma vitória expressiva e ser reeleito primeiro-ministro. A aparente falta de candidatos a sucessores pode dar ainda mais força a Passos.
O congresso pós-presidenciais será um congresso ordinário pois o último ocorreu em fevereiro de 2014 e teve lugar no Coliseu dos Recreios em Lisboa.